sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Livro em Branco


quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

José Sinogas garantiu não se recandidatar à Câmara de Mora


“Não vou (recandidatar-me) e a decisão foi tomada há três meses atrás. Um dos grandes objectivos que tinha era recolocar Mora na NUT III onde sempre deveria ter estado, bem como vencer os oito presidentes de câmara do PS. Consegui tudo isso e como tal saio satisfeito e com a minha missão cumprida. … Isto foi resolvido, penso que devo dar o lugar a outros, o partido há-de ver quem será. Eu estou disponível para outro lugar, por exemplo para a Assembleia Municipal, mas acho que chegou a altura de sair. Dezasseis anos de trabalho à frente da Câmara foram trabalhosos e acho que não devo continuar. A decisão é irreversível. Não estou com medo de nada, até porque sei que se me candidatasse aumentaria o número de votos.”
in diario do sul 16032009

Muitas prendinhas para o Natal


domingo, 12 de dezembro de 2010

SAP - Serviço de Atendimento Permanente (Urgencias)

Publicamos aqui, a correspondencia trocada entre o Dep. João Oliveira eleito pelo PCP no circulo eleitoral de Évora, e o Ministerio da Saude, relativamente ao encerramento do SAP em Mora, e da deslocalização do centro de saude.
Clicando nas imagens, amplia-se as mesmas.









quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

SIADAP




sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Mais de 40 pratos de caça

Mais de 40 pratos de caça "recheiam" sábado mega jantar medieval


A degustação de mais de 40 pratos de caça, num mega jantar medieval, amanhã, é o ponto alto da XV Mostra Gastronómica de Caça de Mora, que arranca hoje, envolvendo 13 restaurantes do concelho.
O certame, promovido pela Câmara Municipal, decorre até dia 12, oferecendo aos clientes dos restaurantes aderentes a "oportunidade única" para poderem provar caça confecionada "de todas as formas e feitios".
O evento começa hoje, mas a abertura é assinalada no dia seguinte, com o já tradicional mega jantar medieval, a realizar na Quinta de Santo António, na sede de concelho.
Segundo o município de Mora, o jantar conta com cerca de 350 convivas, que vão provar, além de inúmeras entradas, "mais de 40 pratos" de caça.
Coelho frito, arroz de coelho, canja de pombo, javali à montanhês, perdiz estufada, sopa da panela de pombo, lebre com feijão, ensopado de lebre, veado à Arcos, açorda de perdiz e pombo bravo à Dona Bia são algumas das "iguarias" que vão "rechear" a mesa

terça-feira, 30 de novembro de 2010

O que foi feito por estes Homens ?


Passou mais de um ano desde que tomaram posse nas respectivas Edilidades, tempo mais do que suficiente para uma avaliação geral do desempenho de cada um. O que se propõe é uma avaliação de cada um dos Exmos Presidentes, tendo em conta o que é o padrão do cargo que ocupam e o que prometeram fazer durante o mandato para que foram eleitos, não esquecer que ainda faltam 3/4 do mandato. Para ajudar na avaliação ficam aqui os links dos varios programas eleitorais;







sexta-feira, 26 de novembro de 2010

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Eu fui a Lisboa abraçar-te

Texto retirado da página da Indymédia. Vale a pena ler.

Eu fui a Lisboa abraçar-te

A ordem perturba mais do que a desordem.

Quem quiser ver, a democracia está aí: converteu a política, toda a política, no confronto com a polícia.
A política é hoje tudo aquilo que escapa ao sistema político-partidário. E contra o que escapa ao sistema político-partidário, a mentira da democracia chama a polícia.

Desta vez, não foram apenas os sitiados pelo controlo social e político – exercido pelo Estado em nome da falsa democracia – que sentiram na pele a repressão exercida pelo aparato da polícia-exército: alguns jornalistas, curiosos, transeuntes, imigrantes, ficaram espantados. Um carioca, ao entrar no Rossio às 18h da tarde ficou mudo e gelado: pensou que tinha regressado ao Morro Formiga na favela da Tijuca.
Mas a falsa democracia é por demais previsível: o ataque preventivo começou cedo. Ataque preventivo na rua, em Lisboa, ataque preventivo nos/dos Media com a série policial black block, ataque preventivo nas fronteiras. Assim desvia a falsidade da sua essência, assim limpa a ferocidade do seu Estado-Guerra: cercar o mal, isolar o desordeiro, o violento, o vândalo, os palhaços, os filhos-da-puta.
Mas se o Estado é cada vez mais guerra e cada vez mais previsível, o que dizer do PCP?

O meu avô e o meu pai foram/são comunistas. O meu avô foi preso, torturado, na prisão tentou suicidar-se para não ceder à tortura, para não ceder à violência: quis ceder a vida para não ceder a liberdade. Teve 7 dias em coma, tantos quanto os dias que ficou sob tortura do sono – a mesma tortura, entre tantas outras, que a NATO infligiu e inflige aos prisioneiros de guerra do Afeganistão e Iraque com o beneplácito do Estado português. Ao fim de 7 dias de tortura do sono, num rebate de lucidez, atirou-se a pique e de cabeça do vão das escadas do 4ª andar da prisão de Coimbra.
O meu pai, deu metade da vida pelo “partido”. Acumulou cólera e raiva, cortes nos direitos sociais e degradação da democracia. (A única coisa que ganhou foi, isso sim, o movimento de base e habitacional cooperativo que ajudou a fundar com sucesso). Acumulou mais cólera e raiva do que aquela que eu tenho.

O PCP é uma linha de comando de controlo da raiva e da cólera?

Nenhuma outra estrutura/movimento político e social no país é um “black block” em potência além do PCP.
Se a voz de comando disse-se: ocupem as fábricas, ponham cadeados nos portões, não deixem sair os camiões, o país parava. O PCP não tem de o fazer, só a ele lhe cabe essa responsabilidade, ou melhor, ao seu comité. Mas para achar a nossa responsabilidade em tudo o que fazemos, temos sempre que confrontar aquilo que realmente fazemos com as possibilidades do que poderíamos fazer e não fazemos. Nessa diferença, podemos achar a nossa irresponsabilidade.
Pergunto – não à voz de comando, aquele que declara à Lusa (Fonte: TVI) que as pessoas que foram impedidas de entrar no protesto «não pediram antecipadamente para fazer parte do corpo principal da manifestação»; ou ainda, citando a reportagem assinada no JN por Catarina Cruz, Carlos Varela e Gina Pereira, “o único caso de maior preocupação deu-se, a meio da tarde, quando um grupo não organizado foi cercado pelo Corpo de Intervenção da PSP, junto ao Marquês de Pombal. A intervenção policial deu-se a pedido dos organizadores da manifestação que perceberam que mais de 100 pessoas iam integrar o protesto. A polícia, fortemente armada, cercou o grupo na cauda do cortejo” –, pergunto a tantos comunistas e simpatizantes do PCP (e já agora aos outros movimentos partidários que a integravam) se têm o direito de impedir que um outro grupo de cidadãos exerça o mesmo direito que eles próprios gozaram no mesmo sítio, à mesma hora?
O que o PCP fez (ou a organização submetida à lógica centralista e autoritária do PCP) foi ilegal, ilegítimo e, sobretudo, um ultraje. E para fazer cumprir uma ilegalidade, chamou a polícia. E ditou-lhes: façam desta forma, cerquem esse grupo de cidadãos, ou seja, exerceu com eficácia o seu poder sobre as autoridades condicionando-as a agir fora da lei. Conseguiu o apartheid. Foi a peça que faltava no puzzle montado pelo circo do poder para legitimar mediaticamente a NATO, a sua cimeira, a sua máquina de guerra.
Foram três as entidades que montaram o circo mediático de legitimação da Cimeira da Nato: as altas-esferas políticas; a Polícia e os seus vários serviços; e os Media de Informação de Massa.
E o circo mediático tinha uma pedra-chave em todo processo de desvio da essência assassina da NATO e limpeza do sangue do seu cadastro criminal: os black block.
15 dias antes, começou-se a armar a tenda: telejornais transformados em séries policiais.
Os black block seriam a pedra-chave para montar o cerco, para apontar o adversário, para legitimar a repressão. Bastaria um carro a arder ou uma montra partida e, passe de mágica, o espectador lá de casa pensaria: de facto, os gajos da NATO até têm razão, estes tipos anti-Nato são uns arruaceiros. E todos os manifestantes passariam a ser arruaceiros e os senhores da Guerra uma espécie de caritas global d’ ajuda ao outro!
Mas desta vez, a tripla entente (Estado-Guerra, polícia e Media) não precisou de polícia infiltrada a partir as montras, para isolar o adversário, para desviar a atenção dos 35 mil mortos civis afegãos, os torturados, o horror, o ódio, o terror espalhado pela NATO. Tinham a voz de comando do PCP: a farsa dos B.B (barbies big-brother), a psicose colectiva instigada na TV por Estado-Guerra, Polícia e Media, passava a ter a sua realidade na manifestação contra a cimeira da Nato.
Nessa lógica, o PCP integrou a lógica do Estado: primeiro, limitou a sua actividade de protesto à legitimidade imposta pelo Estado da falsa democracia, como sempre tem feito (uma greve geral em 22 anos é uma espécie de suicídio assistido pelo capitalismo…), depois impedem um grupo de pessoas de juntar-se a uma só voz contra a Guerra, contra a NATO.

Cerquem esse grupo, cacem-nos, porque a democracia está em perigo!

E cercados que estávamos, passámos a ser o adversário, o arruaceiro, o vândalo, o criminoso que vem na TV. Nem uma pedra atirámos. O que o PCP e a polícia-exército fizeram foi fazer-me sentir, num par de horas, um palestino.
Num par de horas, a violência do cerco policial, converteu-nos em palestinos e palestinas (sem querer dramatizar, é apenas uma imagem, pois sei bem a diferença que vai entro um cerco num par de horas e um cerco total durante 3 gerações…). Nem sequer uma pedra atirámos. (Nem sequer aquelas garrafas d’água que se esborracharam no Vital Moreira… talvez tivessem sido anarcas com credencial!!!!!!!!!).
Entre pacifistas, libertários, membros da PAGAN, anarquistas e outros tantos seres como eu sem serem “istas” de nada, ali estiveram demonstrando a sua não-violência num momento inusitado de demonstração da violência do Estado e de clara violação de dois direitos fundamentais, o direito à manifestação em qualquer espaço público sem prévia autorização e o direito à livre circulação no espaço público do território nacional (não nos esqueçamos que ao longo do percurso foi-nos sucessivamente negado o acesso livre ao território que a voz de comando determinou que não podíamos pisar). À nossa volta, acabava a falsa democracia… mas quando a (falsa) democracia chega tão longe…

Sitiados, com polícias que nos ladeavam enfileirados a um metro ou dois de distância uns dos outros, já não tínhamos mais nada senão o corpo. Caçados os direitos, era a sobrevivência do corpo. A liberdade de ser corpo. Nada mais. Não atirámos uma pedra.

Por isso, no fim, quando te abracei, sei que abracei outro corpo, tão vivo quanto o meu, só violência de lágrimas. Mais nada.

Temos de voltar a fazer amor com a liberdade ou a democracia deixará de existir.

Pelo estado de ruína da cidadania, pela crescente militarização da polícia, pelo estado de ódio e controlo social, os nossos filhos (aqueles que continuem a afirmar a liberdade com a vida) caminharão já não escoltados de cada lado por um polícia, mas por tanques de guerra. Então, seremos cada vez mais palestinos e palestinas, cada vez mais cercados, e o nosso corpo, para viver, vai ter de explodir.

Júlio do Carmo Gomes

Mais duas breves notas:
Ainda os finlandeses impedidos de entrar na fronteira portuguesa. Num dia da vida deles, cada um desses homens, disse: o meu corpo não será uma arma. Nenhum Estado me obrigará a pegar numa arma. O meu corpo não tirará a vida a outro corpo. Objectores de consciência, pacifistas entranhados, vinham juntar-se aos activistas que em Lisboa condenaram outro tipo de homens: aqueles que, num dia da vida deles, não tendo coragem para matar com o seu próprio corpo, mandaram outro corpo puxar o gatilho. O que espanta não é a arbitrariedade da polícia, o abuso da autoridade, a sua insuficiência. Mas a normalização da violação de um direito fundamental. Já alguém apresentou uma queixa contra o Estado português no Tribunal Europeu dos Direitos do Homem?

Na acção de desobediência civil não-violenta levada a cabo na manhã de sábado o ambiente de protesto e mesmo a actuação policial acabou por correr sem ânimos exaltados, com relevo para a calma dos activistas e para a descoordenação da polícia (por exemplo, não conseguiram evitar um acidente de duas viaturas, sem qualquer gravidade, não tinham carrinhas suficientes para os detidos, e, numa cidade sitiada por polícias, só passado 25 minutos passaram a ser em número igual aos dos activistas…). Em todo o tempo em que estive lá a observar, como testemunha e prestando o meu apoio aos activistas, só vi uma pessoa exaltada: Paulo Moura, jornalista do Público. Indignado comigo pelo facto de eu não ter conseguido, pelo desenrolar das circunstâncias, cumprir com o que com ele tinha combinado: ler o comunicado dos activistas uma única vez diante de todos os jornalistas presentes. Não foi possível. Não estava lá como profissional de conferências de imprensa… Exaltado, para espanto também das outras duas pessoas que assistiam aos seus amuos devido à sua árdua tarefa de jornalista violentado nos seus direitos humanos pelo conferencista de serviço, o espanto atingiu o clímax com o comentário do ofendido: “Vocês são iguais aos gajos lá de baixo da Cimeira”. Mesmo ficando na dúvida se apenas se referia aos adidos de imprensa dos senhores da guerra, respondi-lhe: “Nenhum de nós tem as mãos manchadas de sangue”. O profissional acalmou-se, respirou fundo, recompôs-se da figura: “Só tenho uma pergunta: quantos foram detidos?”. Ora, para isso, tem a polícia

WEHAVEKAOSINTHEGARDEN

terça-feira, 23 de novembro de 2010

15ª Mostra Gastronomica da Caça


sexta-feira, 19 de novembro de 2010

A virgem ofendida

Os deputados do PS e do PSD que negociaram e acordaram a lei do financiamento dos partidos estão indignados com as críticas que têm vindo a público sobre a falta de transparência da nova lei, que segue na próxima semana para promulgação presidencial. "Indigna-me porque parece que há pessoas mais honestas do que outras", disse Ricardo Rodrigues, vice-presidente da bancada do PS que deu a cara pelas alterações à lei.
O professor Luís Sousa, especialista em corrupção, tem sido uma das vozes mais críticas a estas alterações, considerando que são "um retrocesso" e uma "vigarice legislativa".

Olha, olha, temos uma virgem ofendida no Parlamento. Oh, Sr. Ricardo, claro que há pessoas mais honestas que outras. Pode é colocar a questão de se saber em que lugar na escala de e honestidade o colocamos e aí as histórias que têm acompanhado no passado não o ajudam muito. E, pelos vistos a lei que agora querem aprovar a meias com o PSD também não.

WEHAVEKAOSINTHEGARDEN

terça-feira, 16 de novembro de 2010

Ramal de Mora ?!


Foi a necessidade de fazer escoar os produtos agrícolas da zona norte do distrito de Évora para a capital do distrito e depois até Lisboa que levou à construção do Ramal de Mora.
Da mesma forma era por esta linha que se fazia o transporte de massas alimentícias fabricadas na famosa Fábrica dos Leões, em Évora.
Este ramal tinha cerca de 60 km, ligava Mora a Évora e servia ainda as povoações dos concelhos de Évora, Arraiolos e Mora.



Esta linha foi inaugurada em 11 de Julho de 1908 e a ideia era a ligação à Linha do Leste, em Ponte de Sôr. Este projecto nunca foi concretizado.
Com o passar dos anos os poucos passageiros e mercadorias levaram ao encerramento definitivo da linha, em 1988.
Os carris foram removidos, tendo a Câmara Municipal de Évora aproveitado a linha férrea para construir uma Ecopista (destinada a peões e bicicletas), que liga Évora à Graça do Divor.
A ligação, por Ecopista, de Mora à Graça do Divor possibilitaria uma Ecopista com 60km, ligando assim Mora a Évora. Este parece ser um projecto da Câmara Municipal de Mora… pelos vistos adiado…
FOTOS

ESTAÇÕES E APEADEIROS DO RAMAL DE MORA


Évora – km 0
Leões – km3
Louredo – km7
Graça – km14
Arraiolos – km25
Vale do Paio – km32
Pavia – km43
Cabeção – km51
Mora – km60
Fonte: Wikipédia

domingo, 14 de novembro de 2010

Nas nossas mãos e na nossa inteligência




"Não tenham vergonha de dizer que são pobres! Não tenham vergonha de dizer que têm fome!"
Baptista Bastos
b.bastos@netcabo.pt


Estas pungentes exclamações foram proferidas pela médica Isabel do Carmo, no último "Prós e Contras" da RTP-1. Acrescentou que a questão fundamental é a do sistema, que está totalmente errado e que consigo arrasta um mar de miséria, de fome e de desespero. Aliás, um pouco por todo o lado o problema do capitalismo está a ser contestado (às vezes com extrema violência) e estudado nos seus múltiplos aspectos. No caso português, é um sistema roto e desvairado. Nas últimas décadas, os seus representantes políticos, o PS e o PSD, obedientes servis aos ditames e às normas, conduziram a nossa terra a uma situação intolerável. Não digo nada de novo. Só um deformado moral ou um mal-intencionado podem fazer o elogio deste estado de coisas.

Claro que o capitalismo tem encontrado sempre formas e fórmulas de, camaleonicamente, se adaptar às circunstâncias históricas, com pequenas cedências sociais que o vão mantendo. A força maior do capitalismo é essa quase infinita possibilidade de se respaldar no trabalho dos outros. A implosão do comunismo (e tomo o conceito "comunismo" com as maiores precauções e reservas) alargou, direi: endemicamente, o sistema vencedor. E este não soçobrará, tão cedo, exactamente porque o seu antagonista morreu às mãos dos seus próprios mantenedores.

Pouco ou nada é debatido, hoje, em Portugal. Os panegiristas do "mercado" entendem-no como sacrossanto, e os nossos escritores abandonaram-se às suas pequenas e lastimosas vidinhas, recolhendo-se a uma mediocridade social que contradiz as grandes tradições de intervenção da cultura portuguesa. Num livro a vários títulos notável, e cuja leitura vivamente recomendo, "Um Tratado sobre os Nossos Actuais Descontentamentos", Edições 70, Tony Judt, um dos mais importantes pensadores políticos contemporâneos, falecido há poucas semanas, adverte-nos para os perigos que nos ameaçam com um "sistema único" e ideário sem oposição intelectual. Chamo particularmente a atenção dos meus Dilectos para o capítulo "1989 e o Fim da Esquerda", que começa com esta axioma de Adam Michnik: "O pior do comunismo é o que vem a seguir."

O autor escreve: "Com o colapso [do comunismo] desfez-se toda a meada de doutrinas que durante mais de um século haviam ligado a Esquerda. Por mais pervertida que fosse a variação moscovita, o seu desaparecimento repentino e completo só podia ter uma repercussão desestabilizadora em qualquer partido ou movimento que se afirmasse 'social-democrata'. Essa era uma peculiaridade da política de Esquerda. Mesmo que todos os regimes conservadores e reaccionários do mundo implodissem amanhã, com a imagem pública irremediavelmente manchada pela corrupção e incompetência, a política do conservadorismo sobreviveria intacta. Os argumentos para 'conservar' continuam tão viáveis como sempre. Mas, para a Esquerda, a ausência de uma narrativa sustentada historicamente deixa um espaço vazio."

Apliquemos a Portugal (mas, também, ao resto do mundo) o conceito ideológico contido nesta admirável fórmula. Esvaziada do "inimigo principal", o caminho seria, inevitavelmente, o capitalismo, pois "pelos vistos, nada mais havia." Esta esquizofrenia impeliu os partidos "socialistas" a avançar por ínvias sendas, com o resultado que se conhece. A "terceira via" de Tony Blair não é, somente, um logro: é uma traição inominável, que conduziu ao apoio de um criminoso de guerra, W. Bush, e à pessoal abdicação do seu animador inglês. Adicione-se que Blair amealhou uma fortuna fabulosa, e os aplausos que lhe dirigiam apagaram-se na apagava e vil tristeza do seu destino.

Se havia algo de esquizofrénico na social-democracia pós Muro de Berlim, as apressadas solidariedades a que se comprometeu deram origem a outra esquizofrenia: a da Esquerda. Podemos aplicar estas reflexões ao caso português? Podemos e devemos. Quando Mário Soares meteu o "socialismo na gaveta" abria o armário a todas as solicitações e emboscadas. Mas ele sabia muito bem o que fazia. Arrependeu-se, mais tarde, tendo em conta as suas declarações e pronunciamentos posteriores, mas, na ocasião, já era incensado pela Direita mais retrógrada. Cavaco encontrou o caminho escancarado para todas as malfeitorias. E o surgimento de António Guterres, conhecido pelo Beato António, é a lógica decorrência de todos esses abandonos e negligências.

Sócrates é o produto típico desse clima de falsa euforia. Acontece que não sabe de ideologia e navega ao sabor dos ventos. Porém, as vítimas somos nós. Pedro Passos Coelho é um homem cordial, educado e ambicioso. Só isso. Não serve porque não adianta nem atrasa. Recomendo-lhe a leitura de qualquer texto de Tony Judt, e dos ensaios que "El Pais" tem publicado sobre o grande autor. Na Imprensa portuguesa não encontra. Que fazer? A alternância de poder (não alternativa) foi muito bem pensada e estruturada pelas classes dirigentes, as quais, no caso português, são das mais retrógradas e ancilosadas que se conhece.

Perguntará o Dilecto: então, não há nada a fazer? Há. Tudo está nas nossas mãos e na nossa inteligência.


b.bastos@netcabo.pt

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A violência da mentira




Já todos ouvimos falar da próxima Cimeira da NATO que vai decorrer em Lisboa nos próximos dias 19 e 20. Eu já por diversas vezes critiquei as politicas e a própria existência da NATO que, em vez de servir para promover a paz, é neste momento o braço armado do capitalismo ocidental para defender impor e conquistar recursos naturais e rotas comerciais. Para isso não hesitam em fazer terrorismo de estado e a guerra, mesmo que nela morram milhares de inocentes sejam eles mulheres ou crianças. Danos colaterais, como gostam de dizer.
Para contestar essa cimeira surgiram em Portugal duas plataformas diferentes, a "Paz Sim, NATO Não", ligada ao PCP e a PAGAN, "Plataforma anti-Guerra, anti-NATO", composta por indivíduos e sem quaisquer ligações partidárias. Tendo participado na criação da PAGAN e da sua filosofia, anti-guerra e não violenta, cedo contactámos a outra Plataforma para tentarmos coordenar trabalho e procurar a cooperação na luta que era comum. Em vão, a nossa colaboração foi recusada e foi-nos dito que era cada um por si. Sabendo da maior experiência e de meios para fazer mobilizações ficou decidido que a Plataforma "Paz sim, NATO Não" organizaria uma manifestação na qual participaria a PAGAN que por seu lado organizaria uma Contra-cimeira em cooperação com outras organizações Internacionais integrantes do movimento "No to War, no to NATO".
Com a aproximação da data e de em Lisboa irem estar o Obama e outros lideres mundiais, os média começaram a lançar a ideia que a cidade ia ficar a ferro e fogo, com policia de um lado e os black-block, do outros grupos violentos do outro. Rapidamente venderam esta ideia, com informações sobre a segurança esperada e a violência que estava a ser preparada. O cenário estava lançado.
Estranhamente, e não sei por acção de quem, (e se suspeito não quero dizer), algumas noticias dos jornais começaram a ligar a PAGAN ao elementos mais violentos. Mesmo estando há muito dito e escrito nas bases da fundação da plataforma a sua natureza não violenta e não havendo um único caso de violência que possa ser atribuído ou associado à PAGAN, essa ideia começou a ser "vendida" pelos média. Cedo protestámos com alguns órgãos de informação por notícias incorrectas e cheias de "veneno", exigindo o direito de resposta que nunca nos foi concedido. Infelizmente é assim funciona a informação em Portugal sempre ao serviço de interesses partidários, económicos e políticos.
A cereja em cima do bolo veio quando um elemento da outra plataforma veio dizer na RR que "já tinha proibido a PAGAN de participar na manifestação" de dia 20. Honestamente não sei se vai ou não vai haver violência em Lisboa durante a Cimeira da NATO, se a acontecer essa violência vai ser obra de Black-blocks, da policia ou de outro qualquer grupo, o que sei é que não serão aqueles que se juntaram na PAGAN que a irão incentivar ou realizar. Vamos promover a Contra-cimeira nos dia 19, 20 e 21 e vamos participar na manifestação com o direito que nos dá sermos cidadãos deste país. Outros podem dizer que são contra a NATO por interesses politico e partidários mas a PAGAN é contra por convicção. Não somos certamente os vilões da história mas também não somos os seus policias. Pelos vistos há outros que não se importam de o ser.

WEHAVEKAOSINTHEGARDEN

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Mostra Gastronómica de Caça


Um jantar medieval com degustação de 40 pratos de caça assinala no próximo dia 4 de Dezembro a abertura da XV Mostra Gastronómica de Caça de Mora. O jantar realiza-se na Quinta de Santo António e vai dar à prova a cerca de 350 mastigantes os pratos de caça que vão estar presentes durante a Mostra nos diferentes restaurantes do concelho.

A lauta ementa inicia-se com entradas de caça, desfilando de seguida os cerca de 40 pratos, como Coelho Frito, Arroz de Coelho, Canja de Pombo, Javali à Montanhês, Perdiz Estufada, Sopa da Panela de Pombo, Lebre com Feijão, Patês de Veado, Javali e Coelho, Ensopado de Lebre, Veado à Arcos, Açorda de Perdiz e Pombo Bravo à Dona Bia, entre muitas outras iguarias.

Organizado pela edilidade local, o certame inicia-se a 3 de Dezembro e prolonga-se até dia 12 em 13 restaurantes do concelho de Mora, alguns deles considerados dos melhores do Alentejo. Uma oportunidade única de provar caça de todos as formas e feitios é o que Mora oferece na primeira semana de Dezembro, num evento que já entrou nas tradições gastronómicas da região.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

São Martinho em Pavia


Exposição de Pintura


domingo, 7 de novembro de 2010

Lista das Camaras que vão devolver o IRS aos contribuintes


Eis a lista de câmaras municipais que informaram a Direcção Geral de Contribuições e Impostos de pretenderem devolver aos contribuintes seus residentes alguma percentagem do IRS por estes pago, relativo aos rendimentos que vierem a auferir ao longo do corrente ano 2010. Recorda-se que tal devolução pode ser, no máximo, de 5%.

Na prática, se o seu município devolver, por exemplo, 5% do IRS ao Estado, os seus residentes que tenham pago IRS receberam uma devolução proporcional ao montante que descontaram (ou seja, 5% do valor global pago). Este acerto de contas far-se-á em meados de 2011 quando do apuramento final do IRS de 2010 e poderá implicar um maior reembolso ou um menor imposto a pagar.

Eis a lista de concelhos que devolverão IRS em 2011, agrupados por taxa de devolução (Fonte: Jornal de Negócios):

Devolvem 5% (11):

Albufeira, Alcoutim, Belmonte, Gavião, Lourinhã, Manteigas, Melgaço, Mirandela, Oleiros, Ponte de Lima, Vieira do Minho

Devolvem 4% (1):

Óbidos

Devolvem 3% (8):

Almeida, Armamar, Figueira de Castelo Rodrigo, Fundão, Nazaré, Penedono, Resende, Vila Flor

Devolvem 2,5% (10):

Fronteira, Góis, Miranda do Douro, Mortágua, Penacova, Penalva do Castelo, Trofa, Vila de Rei, Vila Nova de Cerveira, Vinhais

Devolvem 2% (12):

Arcos de Valdevez, Caldas da Rainha, Cinfães, Cuba, Elvas, Fafe, Lagos, Loulé, Mealhada, Nelas, Paredes de Coura, Ponte da Barca

Devolvem 1,5% (1):

Odemira

Devolvem 1% (16):

Alcácer do Sal, Alcanena, Almeirim, Campo Maior, Cartaxo, Constância, Grândola, Leiria, Mangualde, Marinha Grande, Peniche, Ponta Delgada, São João da Pesqueira, Sintra, Torres Novas, Torres Vedras

Devolvem 0,5% (7):

Abrantes, Aveiro, Caminha, Oeiras, Sines, Vila Nova da Barquinha, Vizela.

No total, 66 dos 308 municípios procederão em 2011 a algum tipo de devolução do IRS. Em 2010 serão 63 concelhos, em 2009 foram 44. Se porventura divide a residência entre dois concelhos e algum deles proceder à devolução de IRS é caso para ponderar se se justifica mudar a sua morada fiscal. Aquilo que também se chama “votar com os pés“.

fonte: economiafinanças

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

E se os comunistas fossem governo ?


Se o PCP fosse governo, numa coisa a história repetia-se: voltariam as nacionalizações e em força. Ao contrário da integração europeia, onde foi notória uma evolução das teses comunistas - embora os dirigentes do PCP continuem firmes combatentes "desta Europa" - a defesa convicta da manutenção de bens centrais da economia nas mãos do Estado não sofreu qualquer alteração.

Se o PCP fosse governo, os bancos e outros sectores estratégicos da economia estariam a ser nacionalizados, como o foram a seguir ao 25 de Abril de 1974. "A recuperação do controlo público dos sectores básicos e estratégicos da nossa economia" continua a ser, ano após ano, uma reivindicação essencial dos comunistas. E os sectores básicos são a banca, a energia, as comunicações e os transportes. A EDP e a GALP, por exemplo, voltariam a ser exclusivamente públicas. É preciso ver que para o PCP "as privatizações são um crime de lesa pátria. Um atentado ao interesse nacional". As palavras duríssimas sobre o assunto são de Bernardino Soares, o líder parlamentar comunista, quando contestou este mês na Assembleia da República as anunciadas privatizações do PEC e prometeu guerra total: "Continuaremos a lutar contra elas e havemos de as derrotar."

Na semana passada, o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, esteve em Setúbal a comemorar as nacionalizações de 1975. Numa sessão pública sobre "Nacionalizações e Democracia Económica", Jerónimo defendeu todo o processo de 1975, quando duas centenas e meia de empresas foram nacionalizadas, com destaque para a banca, seguros, metalurgia, metalomecânica, indústrias químicas, celulose.

"O processo de nacionalizações de 1975, cujo aniversário comemoramos, constituiu uma inapagável realização de Abril, da classe operária, dos trabalhadores e do povo português", afirmou Jerónimo de Sousa, acusando as nacionalizações de terem sido postas em causa "desde muito cedo pela acção da contra-revolução e pela política de recuperação capitalista e restauração monopolista, promovida pelo PS, PSD e CDS-PP". E, na opinião dos comunistas, tudo correu mal. A dívida pública não melhorou por o Estado ter vendido os seus bens. "Foram--se as empresas e aumentou a dívida", conclui Jerónimo, para quem "as privatizações anunciadas no PEC, envolvendo 17 empresas do sector empresarial do Estado, vão agravar todos os problemas decorrentes das anteriores privatizações".


segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Deixem passar que são do Governo


Sobre as confusões do Orçamento de Estado estarei certo de dizer, que não há memória de se falar tanto num documento essencial para a democracia como as batatas para a caldeirada, se não tivéssemos governados por verdadeiros amadores de cozinha, diria que esta mistura de marisco com carne não leva a nada. Nunca me fiei que o Chef Sócrates tivesse jeito para a culinária, mas fazer cataplana com o Passos Coelho dá numas sardinhas em tomate. Mas são estes os verdadeiros culpados deste almoço agridoce que nos apresentam? Não, mas afinal quem os convocou para cozinhar para nós receitas destas que nos põem em apuros? Mas a responsabilidade está dentro da cozinha de todos nós, quando não há dinheiro para comprar Cherne compra-se pescada, em vez de peixe espada compramos uma lata de anchovas e por ai adiante. Agora que pouco se fala na Grécia, onde a comida é mais à base de porco e oregãos com arroz, também se fala na França onde por sua vez trocam a comida requintada por baguetes do Lidl com fiambre corrente. O resultado desta confusão dá numa fartura de aumento de impostos, e para aqueles mais atentos toca a comprar leite com chocolate pasteurizado antes que aumente o IVA e fartura de Oleo, Compais etc. Há que rechear bem as despensas que a desgraça destas receitas não vão ficar por aqui. Por hoje não deixo nenhuma receita, mas prometo colocar aqui algumas com 6% de IVA nos proximos tempos.

Uma boa noticia (pelo menos) o vinho vai ficar a 6% e não aumenta para 23%, parabens Sr. Ministro! E não digam que não vão daqui!! Pobres mas felizes...

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Soneto quase inedito


Soneto quase inédito

Surge Janeiro frio e pardacento,
Descem da serra os lobos ao povoado;
Assentam-se os fantoches em São Bento
E o Decreto da fome é publicado.

Edita-se a novela do Orçamento;
Cresce a miséria ao povo amordaçado;
Mas os biltres do novo parlamento
Usufruem seis contos de ordenado.

E enquanto à fome o povo se estiola,
Certo santo pupilo de Loyola,
Mistura de judeu e de vilão,

Também faz o pequeno "sacrifício"
De trinta contos - só! - por seu ofício
Receber, a bem dele... e da nação.

JOSÉ RÉGIO Soneto escrito em 1969.


Tão actual em 1969, como hoje...
E depois ainda dizem que a tradição já não é o que era!!!

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Viva a Crise...




Viva a crise! Assim começou o festival internacional de curtas-metragens de Évora. O filme do romeno Alexei Gubenco (Vive la crise!, 2009) aborda a crise actual, mas apresenta formas de reagir e mesmo de a resolver. “Um filme que aconselho a todos os políticos portugueses” diz o director do festival, João Paulo Macedo.

O FIKE 2010 acontece numa altura em foi anunciado o fim do contrato celebrado entre a Câmara de Évora e o cineclube da Universidade de Évora para a exibição de cinema comercial. A cidade pode assim ficar, de vez, fora do circuito do cinema mais visto em todo o mundo, a partir do dia 1 de Novembro. Mas até sábado não vai faltar cinema. Ao todo são 40 filmes que estão em competição, a que se juntam mais 70 extra-concurso, oriundos de mais de 20 países.

“Estão representado diversos géneros cinematográficos como animação, ficção e documentário” revelou o director do certame que se realiza pela nona vez. Uma mostra multicultural que este ano se estende ao Alandroal, concelho onde irão decorrer sessões para escolas e ainda o workshop “Como se faz um filme”, dirigido por Henrique Espírito Santo.

Já em Évora, para além da competição, estão previstos concertos, todas as noites e uma Master Class que será dirigida por Ruy de Carvalho, Nicolau Breyner e Manuela Couto. O FIKE 2010 É organizado pela Sociedade Joaquim António de Aguiar e pelo cineclube da Universidade de Évora em parceria com a associação Estação Imagem e tem o apoio das câmaras municipais de Évora e de Alandroal, do instituto do Cinema e Audiovisual e de diversas empresas da cidade de Évora.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Mora terra de progresso ...


Significado da palavra "Progresso"

Que devemos entender por essa palavra? Se a definirmos como bons gramáticos, diremos que é um acréscimo de bem ou de mal, na medida em que possamos discernir entre o bem e o mal; e estaremos assim a representar o próprio avanço da humanidade. Mas se, como se faz nesta época em que não se sabe mais pensar nem falar, dissermos que o progresso é o movimento da humanidade que se aperfeiçoa sem cessar, estaremos a dizer uma coisa que não corresponde à realidade. Esse movimento não se observa na História, a qual só nos apresenta uma sucessão de catástrofes e de avanços seguidos de retrocessos.
Anatole France, in "A Vida em Flor"
1922

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Plantar na horta para ter no prato




Valentim José, 79 anos, trabalhou a vida inteira na agricultura, participou na reforma agrária e dirigiu a cooperativa local. Não entende o abandono dos campos, nem as "grandezas" dos políticos e critica o aumento do fosso entre ricos e pobres. A reforma de 300 euros mal dá para comer.


Era o mais novo de três irmãos e seguiu as pisadas dos mais velhos quando estes decidiram deixar a escola. Estudou apenas até à 3ª classe e, ainda criança, foi guardar porcos para os montados de Mora, concelho alentejano onde nasceu e ainda hoje reside, após uma vida inteira de trabalho no campo.

Mais de 40 anos na agricultura valem-lhe uma reforma de 300 euros que, juntamente com a da mulher, tenta agora engordar com o que planta nas traseiras de casa. Batatas, couves, tomate, feijão, pimentos e cebola, tudo o que cai na panela da sopa, porque "o dinheiro chega cada vez menos" e "o que a gente arranja com a nossa mão já não compra no supermercado". De carne quase só comem frango e peixe pouco entra lá em casa.

Valentim José tem 79 anos e a mulher, Maria Rosa de Assis, 78. Conheceram-se na agricultura, quando ambos trabalhavam ao dia, ganhando "25 escudos". "Era aquilo que eles queriam pagar. Não podíamos reivindicar nada", recordam, lembrando os nove anos de namoro, sempre ao domingo, à vista da mãe dela, e sem as "modernices" de hoje. "Antes era aperto demais. Agora é liberdade a mais", resume Valentim.

Depois, deu-se o 25 de Abril de 1974, as nacionalizações, as expropriações, a "evolução". Valentim, militante do PCP, envolveu-se activamente na reforma agrária. Primeiro na formação das comissões de trabalhadores, depois na criação e gestão da cooperativa "A luta é de todos", que chegou a ter 450 trabalhadores e "16 tractores". Sobreviveu 20 anos.

"Unimos tudo: o que fosse bom para uns, era bom para todos; o que fosse ruim para uns, era ruim para todos", diz Valentim, lamentando que esse desígnio tenha sucumbido aos anos de "retrocesso", como classifica os governos de Mário Soares e o seu "socialismo em liberdade".

"Isto não é socialismo nenhum! Socialismo é as pessoas estarem mais perto umas das outras e os rendimentos estarem bem distribuídos", diz Valentim, que acompanha a par e passo as notícias na televisão e lembra-se bem de ter ouvido, recentemente, que Portugal foi o país dos 27 onde "a pobreza aumentou mais e onde a riqueza aumentou mais: os pobres ficaram mais pobres e os ricos ficaram mais ricos". "Sempre houve gente a viver bem e gente a viver mal. Mas as desigualdades sociais estão muito piores do que estavam", afiança.

Valentim não poupa nas críticas aos políticos pelas suas manias de "grandeza" e pela situação a que conduziram as finanças públicas. "Se eles não gastassem mais do que podem, isto não estaria assim. É comboios, é submarinos, é pontes... Eu não sei se a gente tinha necessidade destas coisas todas", diz ele que, aos quase 80 anos, faz contas fáceis de cabeça ao que o novo aumento do IVA vai provocar nas contas lá de casa.

Na farmácia - onde deixam em média 100 euros/mês - temem as mudanças com o fim da comparticipação dos medicamentos genéricos a 100%. E é certo que vão continuar a "encurtar" nos comprimidos para não esvaziar a carteira, tomando-os só quando as dores apertam. O que também não entra na cabeça de Valentim são os subsídios para ter as terras abandonadas. "O pouco que se produzisse era o menos que se ia comprar lá fora e ficava cá o rendimento", diz, ele que dá o exemplo lá em casa.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Pedido de Divulgação - Petição Publica


EM DEFESA DA FESTA BRAVA

Em Defesa da Festa Brava
Em Defesa da História, da Terra e dos Homens
Em Defesa dos Animais e da Natureza

Chamo-me Francisco Moita Flores. Sou escritor. Sou pai de três filhos, avô de três netos. E, neste momento da minha vida pessoal, por decisão do Povo de Santarém, sou Presidente de Câmara.
Nasci num monte alentejano entre Moura e Amareleja. Cresci repartido entre a cidade e o campo. Estudei na escola primária desse monte, depois numa vila, depois nas cidades do país, depois em cidades de outros países. Aprendi a vida convivendo com manadas de vacas, imensos rebanhos de ovelhas, cavalos, mulas, porcos, cabras, com o rio Ardila e tinha uma cadela que se chamava Maravilha. Durante 15 anos servi a Polícia Judiciária. Fui testemunha e actor do sofrimento mais pungente, de tragédias inimagináveis, de lágrimas feitas de tanta dor que não havia consolo. Conheci, vivi, convivi com o luto e a morte durante este tempo. Tempo demais para não sermos tocados por esse mundo invisível de dor e pranto. E este rasto de sofrimento e morte, de miséria e desespero, de violência e brutalidade em contraste com as memórias de outros tempos de menino converteu-me ao franciscanismo. S. Francisco, o irmão de todos os rios, irmãos de todos os pássaros, irmão do sol e da vida, irmão dos animais, das árvores, dos homens, das crianças, ensinou-me o caminho ético e moral para educar os meus filhos e amar os meus netos e a gente que em mim deposita confiança para governar.
Aprendi nos campos alentejanos a ser aficionado. Uma pulsão emotiva que não sabia explicar. O touro bravo, fera negra, símbolo da morte e do medo, olhava-nos arrogante e valente. Aprendi a admirá-lo. E descobri em Knossos, nos frescos deixados pela civilização cretense, que essa admiração era velha. Em Esparta e na civilização grega. Reencontrei-a em Roma e na civilização romana. Depois nos enormes frescos de Miguel Ângelo, nos poemas de Garcia Lorca, na pintura de Picasso, nas páginas de Hemingway e de tantos outros poetas, escritores, pintores, escultores que percebi que o irmão touro bravo integrava o psicodrama essencial do Homem. A sua inquietude perante a morte e a necessidade de a vencer para aspirar à imortalidade. Numa arena, em cada combate, vence a vida ou vence a morte. Não há meio termo. Esta dimensão trágica do simbólico enredo taurino está presente em todas as manifestações populares, nomeadamente, nas largadas, que arrebatam milhões de entusiastas que procuram apostar a vida, nem que seja numa corrida medrosa com o touro a quinhentos metros de distância. E o ritual cumpre-se pelo exorcismo da negação evitabilidade finitude.
O crescimento das cidades, e das culturas urbanas, produziu novos mitos. Novas falas, como lhe chama Roland Barthes. Produziu novos ritos sociabilitários, novos discursos simbólicos, novos afectos e importantes discursos sobre o mundo e os nossos destinos colectivos. Representou grandes ganhos revolucionários, culturais e civilizacionais e bem se pode dizer que, hoje, o mundo é comandado pelas cidades. Porém, também desvarios, radicalismos, intolerância e a irrupção de um pensamento que destrói a memória, que expropria e marginaliza os ritos, os mitos, os valores, os símbolos que durante séculos consolidaram Portugal, lhe deram identidade e o afirmaram como Língua, como Povo, como Pátria, como Território. As culturas urbanas radicais desprezaram os campos e desprezam os seus costumes, gostos, atitudes psico-afectivas. Consideram-nos ganga, ruído, ‘pimba', decadência face ao brilho multicolorido das cidades. Como disse a grande poetisa Sophia de Mello Breyner, são pessoas sensíveis que detestam ver matar galinhas, mas adoram canja de galinha! Culturas, ou microculturas radicais que surpreendidos pela devastação que provocaram, desertificando os campos, envelhecendo-os, matando-os, matando a agricultura, as aldeias, as vilas, a vida da pastorícia, das florestas - tudo submetido à ordem e aos valores da cidade - descobriram que valia a pena lutar por adereços. Não pelos campos ou pela multiplicação dos animais como estratégia de recuperação do mundo agrícola, muito menos por respeito pelos homens que desprezam e tratam como meros servos, mas para apaziguar consciências consumistas que na irracionalidade do consumismo despedaçaram qualquer outro valor, ideia, ou respeito pelos outros, seja pelos Homens, seja pela Natureza, seja pelos Animais.
Os diferentes nichos que surgem pelo país, em defesa do lince, em defesa do lobo, em defesa da água, contra a festa brava, na maior parte dos casos apenas olha a árvore e recusa-se a ver a floresta. São, na sua maioria, contra qualquer vínculo que afirme o respeito pelos Direitos do Homem casados e em sintonia com os Direitos da Terra. Não quero, nem é possível discutir os argumentos contra a Festa Brava. São do território da fé e jamais chegaríamos ao fim. Não é possível argumentar contra visões fundamentalistas, transformadas em beatério de confrades laicos. Que gozam as graças de meios de comunicação que adoram ruído e conflito e acreditam piamente nas verdades gritadas por aguerridos beatos, quais velhas inquisidoras. Na verdade, limpando a hipocrisia, a nenhum interessa os direitos dos animais, nem os direitos dos homens. Gritam o folclore politicamente correcto e giro! E fazem abaixo assinados, procurando destruir sem compreender, protestar quando a verdadeira essência do seu protesto são as suas próprias consciências. Nem é o sofrimento do animal, como eles dizem, que os move. Pois se o fosse, estariam aos gritos em todos os locais em que se ‘fabricam' com hormonas, frangos, vacas, ovelhas para alimentar a cidade. Estariam às portas dos grandes matadouros escutando os urros de milhares de animais que adivinham o cheiro da morte. Estariam nas barricadas contra as guerras que matam homens e crianças, na linha da frente da luta pelo renascimento do campo e das culturas rurais, na linha da frente contra a violência doméstica. Não! Nada disto. Apenas contra a pretensa violência contra os touros bravos. Nem pelo outro argumento comodista e repetido de que não são contra o abate dos animais mas sim contra o espectáculo que, no caso português, nem os abate. Maior hipocrisia não existe. Nem paciência para discutir a fé de angustiados.
Cheguei à idade onde já não há paciência para ser insultado por uma horda de analfabetos. Embora respeite os seus gritos, pois creio nesta terra da liberdade sem excepção de ninguém. Até daqueles que assiste o direito ao disparate. Cheguei á idade da tolerância mas também ao tempo onde, mais do que nunca, acredito que só é possível salvar os Direitos do Homem se com eles salvarmos os Direitos da Terra. É a minha crença profunda. E sei que o combate passa por afirmar a defesa dos símbolos, dos valores, dos ritos, das cargas simbólicas que consolidaram a nossa secular matriz identitária. E esse combate feito de muitas frentes de luta, tem numa delas os ‘talibãs' que em nome dos direitos dos animais procuram destruir os animais, a economia que os sustenta e os animais sustentam, além da cultura a eles imanentes. Por isso mesmo decidi lançar este abaixo assinado que vos envio. Já que a moda é o abaixo assinado, assinemos. Em defesa da Festa Brava, em defesa da Festa, em defesa dos valores da Terra, da Vida e dos ritos exorcizadores da Morte, em defesa dos animais, dos touros, dos cavalos, dos pastores e dos campinos, da economia agrícola e animal associada à Festa e ao espectáculo, em nome do progresso com Memória, em nome do desenvolvimento sem perder o sentido da História.
Proponho-vos chegarmos a CEM MIL assinaturas até Julho de 2011. CEM MIL! Convido-vos a todos. Aos meus irmãos homens, às minhas irmãs mulheres, que afirmem por este abaixo assinado fora, este combate pela cidadania e pelos direitos da Terra para que ninguém se amedronte perante a gritaria histérica de alguns. Convido-vos com a serenidade da razão a subscrever este abaixo assinado e definitivamente mostrar ao país que não nos submetemos à ditadura do ‘hamburger' urbano e que somos muitos, disponíveis para lutar, resistir e assumir Portugal na sua unidade complexa e diversa. Sem intolerância, em nome da Liberdade, mas também em nome dos direitos naturais sagrados que nos tornaram portugueses, filhos de Portugal, netos de almocreves, cavaleiros, campinos, guardadores de rebanhos, de escritores e de poetas, de guerreiros e camponeses, nascidos do mesmo ventre de terra à qual um dia regressaremos.





Santarém, 25 de Agosto de 2010
Francisco Moita Flores

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

O Orçamento de Estato




Orçamento do Estado

Todos os nossos governantes falam em cortes das despesas, mas não dizem quais, e aumentos de impostos, a pagar pela malta.
Não ouvi foi nenhum governante falar em:

. Redução dos deputados da Assembleia da República e seus gabinetes, profissionalizá-los como no estrangeiro.
. Reforma das mordemias na Assembleia da República como, almoços com digestivos a € 1,50.
. Acabar com os milhares de Institutos que não servem para nada e tem funcionários e administradores com 2º ou 3º emprego.
. Acabar com as empresas Municipais, com Administradores de milhares de euros mês e que não servem para nada.
. Redução drástica das Câmaras Municipais, Assembleias, etc.
. Redução drástica das Juntas de Freguesia.
. Acabar com o pagamento de € 200 por presença de cada pessoa nas reuniões das Câmaras e € 75 nas Juntas de Freguesia.
. Acabar com o Financiamento aos Partidos.
. Acabar com a distribuição de carros a Presidentes, Assessores, etc, das Câmaras, Juntas, etc que se deslocam em uso particular pelo País. No estrangeiro isto não acontece.
. Acabar com os motoristas particulares 20 h/dia.
. Acabar com a renovação sistemática de frotas de carros.
. Colocar chapas de identificação em todos os carros do Estado.
. Acabar com o vaivém semanal dos deputados dos Açores e Madeira e, respectivas estadias em Lisboa em hotéis cinco estrelas.
. Controlar o pessoal da Função Pública que nunca está no local de trabalho e que faz trabalhos nesse tempo, para o Estado.
. Acabar com os milhares de pareceres jurídicos, caríssimos.
. Acabar com as várias reformas por pessoa, do pessoal do Estado.
. Pedir o pagamento dos milhões dos empréstimos dos contribuintes ao BPN e BPP.
. Por aí fora. Recuperamos depressa a nossa posição.
. Já estou cansado, fica assim.
Recebido Por E-mail

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

José Mario Branco

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Republica Portuguesa ?


Sou Republicano porque não entendo que alguém possa ser governante só por ser filho de outro alguém ou por alguma ordem divina, independente de ser doido, burro ou simplesmente um filho da p... , mas para virar o rumo não me importaria de votar na monarquia. Infelizmente aqueles que nos governam agora não honram os ideais daqueles que, há 100 anos derrubaram a monarquia. Infelizmente o poder continua a corromper e a perpectuar a injustiça. Felizmente há sempre quem acredite que tudo pode ser diferente. Nada obriga a que o futuro não possa ser diferente e construido por gente mais humana, honesta e capaz. Está nas nossas mãos se assim o desejarmos.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

A Torre das Aguias


O tempo e a incúria ameaçam reduzir a escombros a Torre das Águias, imponente solar fortificado do tempo de D. Manuel I. A classificação como monumento nacional não impediu a degradação do edifício, que é hoje propriedade privada.

Sem autorização dos proprietários e sem dinheiro, o município não consegue intervir. Já pediu ajuda ao Estado, mas nada foi feito até agora. Em tempos, este solar acolhia fidalgos para repouso, após as caçadas.

in RR

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Jornada de Luta



sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Mes do Idoso


segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Que Concelho é este ?


Que Concelho é este que só tem politica antes das eleições, que Concelho é este onde não se ouve a oposição, que Concelho é este que faz calar os mais exigentes, que Concelho é este que expulsa os mais intervencionista, que Concelho é este que deixa acabar o mais necessario, que Concelho é este onde se julga pela aparencia, que Concelho é este onde o que vem de fora é que é bom, que Concelho é este onde se fala demais da vida dos outros, que Concelho é este......?

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

ExpoMora 2010


segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Memorias Esquecidas




quarta-feira, 28 de julho de 2010

Podemos ser mais Morenses ??

sexta-feira, 16 de julho de 2010

EDP - Musicas no Rio

“EDP - Musicas no Rio, os outros sons do Fluviário” é o título de um ciclo de concertos de música portuguesa que, em dois fins-de-semana de Julho, vão animar Mora, tornando-a como referência dos Festivais de Verão.

Sinfonnieta de Lisboa com Bernardo Sassetti abrem na sexta-feira, 16 de Julho, o I Festival “EDP - Musicas no Rio, os outros sons do Fluviário”.
O Festival prossegue no sábado, 17 Julho, com a dupla Maria João/ Mário Laginha. No fim-de-semana seguinte, actuam Mafalda Arnauth (sexta, 23 Julho) e Sérgio Godinho (sábado, 24 Julho).

Um cartaz de música portuguesa que deverá atrair à praia fluvial do Parque Ecológico do Gameiro, junto ao Fluviário de Mora, cerca de 3.500 pessoas por espectáculo, estima a organização.

Num cenário idílico, onde a água, os sons da natureza e o “feeling the landscape” são factores diferenciadores, juntamente com música portuguesa de qualidade e diversificada, pretende-se oferecer momentos de pura tranquilidade num contexto cultural, paisagístico e inovador, como é o espaço envolvente ao Fluviário de Mora.

Numa organização conjunta da Câmara Municipal de Mora, da G. Produções Artísticas, e com o apoio da EDP, o evento integra quatro temáticas diferentes – fado, jazz, clássico e musica popular de qualidade – apostando numa oferta de prestígio e cuja programação não atraia um público massivo, mas criterioso.

A organização desta iniciativa pretende tornar Mora ainda mais referência no campo cultural e turístico, possibilitando uma oportunidade “inesquecível” de visitar o concelho e região mais a noroeste do Alentejo.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

quinta-feira, 11 de março de 2010

Pedido de Divulgação


quarta-feira, 3 de março de 2010

Pedido de Divulgação


terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

A BUFARIA por Marinho Pinto


O caso Mário Crespo não é um problema de liberdade de informação, mas (mais) um sintoma da degradação a que chegou a comunicação social. Uma conversa privada do primeiro-ministro, num restaurante, sobre um jornalista que há anos o critica publicamente, é prontamente denunciada ao visado que logo tenta criar um escândalo político.

Sublinhe-se que ambos são figuras públicas com direito a terem, uma da outra, as opiniões que entenderem. Apenas com um senão: nem José Sócrates poderá usar os seus poderes de primeiro-ministro para perseguir o jornalista Mário Crespo, nem este deverá usar os meios de que dispõe como jornalista para perseguir o primeiro-ministro.

Porém, os jornalistas, em geral, julgam-se no direito de publicar as opiniões que quiserem (por mais ofensivas que sejam) sobre os governantes (mesmo violando as regras éticas do jornalismo), porque entendem que isso é direito de informar. Mas se os visados emitirem a mais leve opinião sobre esses jornalistas isso é um ataque à liberdade de informação.

O jornalismo português tem vindo a degradar-se por falta de referências éticas. Hoje, tudo vale para obter informações, incluindo o recurso a "bufos". Nos tempos do Estado Novo usava-se esse termo para designar as pessoas que davam informações à polícia política sem que ninguém desconfiasse delas. Geralmente eram da confiança das vítimas. Faziam delação às escondidas, por dinheiro ou simplesmente para tramar os visados. Agora continua-se a denunciar pessoas a quem as possa tramar. Os "bufos" são os informadores privilegiados dessa nova polícia de costumes em que se transformaram certos órgãos de informação de Lisboa.

Vejamos alguns exemplos. Há alguns anos, um político e professor universitário (Sousa Franco), por sinal meio surdo, conversava tranquilamente num restaurante. Numa mesa ao lado, uma jornalista (talvez disfarçada de costeleta de borrego) tomava notas da conversa, sem que os visados se apercebessem. Dias depois o teor da conversa era manchete num semanário de Lisboa. Também há alguns anos, um professor do ensino secundário (Fernando Charrua), conversando com um colega no gabinete deste, emitiu sobre o primeiro-ministro uma daquelas opiniões que só se expressam em conversas privadas. Pois, logo o colega o foi denunciar aos superiores hierárquicos. O mesmo aconteceu com um juiz conselheiro que, numa conversa a dois com um colega, emitira o mesmo tipo de opinião sobre o Conselho Superior da Magistratura. Logo o colega o foi denunciar ao CSM. Mais recentemente, um magistrado do Ministério Público que, durante um almoço com dois colegas, opinara sobre um processo de que estes eram titulares foi de imediato denunciado por os ter "pressionado".

Hoje não se pode estar à vontade num restaurante, porque ao lado pode estar um "bufo" a ouvir a conversa para a ir relatar ao seu tablóide preferido. Até a factura da refeição pode ser útil para o mesmo fim. A privacidade deixou de ter qualquer respeito ou protecção. Os meus rendimentos, constantes da minha declaração de IRS, foram obtidos ilicitamente nas finanças e andaram a ser oferecidos a alguns jornalistas de Lisboa até que um deles os publicou. Tudo para tentar desqualificar-me como advogado, mostrando que, supostamente, eu ganhava mais como jornalista.

A sordidez desse tipo de jornalismo traz-me à memória um episódio ocorrido há cerca de 20 anos em que se chegou ao ponto de tentar fazer uma notícia sobre uma consulta de ginecologia de uma dirigente política, que na altura desempenhava funções governamentais. Tudo isso é possível porque o jornalismo está em roda livre, sem qualquer regulação e a própria justiça, em vez de corrigir esses desvarios, coonesta-os e acaba por também recorrer a eles.

Por mim tomei vários cuidados. Evito conversas em restaurantes, já não falo ao telefone e mesmo no meu escritório já tomei as devidas precauções. Perdi toda a confiança nas comunicações em Portugal porque a deriva fundamentalista e justiceira de muitos dos nossos magistrados mostra que qualquer pessoa pode estar sob escuta, incluindo as mais altas figuras do Estado. Por isso, não falar ao telefone é hoje um gesto tão prudente como o era no tempo da ditadura. E mesmo como advogado, já retirei do meu escritório quaisquer elementos que possam ser usados contra alguns dos meus clientes, pois é normal em Portugal fazerem-se buscas a escritórios de advogados, com mandados em branco, ou seja, com ordem para apreender tudo o que possa ajudar a incriminar os seus constituintes.

O Meu Comentário - Os partidos da Direita, abrigam ainda muitos saudosistas dos métodos fascistas que, são aproveitados hipocritamente pelo BE de braço dado com o PCP, para montar o circo de tentativa de descrédito do Governo, formado pelo partido que ganhou democraticamente as eleições Legislativas. A antiga PIDE não faria melhor que esta nova PIDE constituída por jornaleiros, alguns pseudomagistrados, pseudojuizes, apoiados por deputados frustrados, que por incompetência ou incapacidade não conseguem acompanhar o sucesso dos outros. Eles podem dizer o que querem, quando querem e onde querem, o PM não pode ter opinião sobre quem o critica, insulta, enxovalha e difama, logo está a conspirar. Haja paciência!

em JN 2010.02.14

Ajudar a Madeira


Ajudar os Portugueses da Madeira a superar este momento dificil através da Caritas Portuguesa, vamos todos ajudar !

Cáritas Ajuda a Madeira
Como Colaborar

Pode associar-se à nossa Campanha Cáritas Ajuda Madeira enviando o seu donativo:


1. Por transferência bancária, através da conta do Montepio Cáritas Ajuda a Madeira
NIB 00 3600 0099 1058 7824 394

2. através das Caixas Multibanco
Entidade: 33 333 e Referência: 333 333 333

3. através da Cáritas Diocesana da zona de residência. Veja qual através do campo Cáritas em Portugal, no lado esquerdo desta página.

4. para a nossa morada: Praça Pasteur nº 11 – 2º Esq. 1000-238 Lisboa.

5. ou entregando Artigos como Mobiliário, Colchões, Roupa de Cama, Atoalhados, Cobertores, Televisões… nas seguintes moradas:

Cáritas Diocesana
Local
Contacto

Açores
Campo S. Francisco – sede Cáritas Ponta Delgada


(9:00 – 12:00 / 14:00 – 16:30)
296282362

Aveiro
Salão da Igreja de Quintãs

(15:00 – 18:00)
234377260

Beja
Sede Cáritas – Rua Afonso Lopes Vieira nº 13

(9:00 – 13:00 / 14:30 – 18:00)
284324500

Bragança
Sede Cáritas – Rua da Cáritas Diocesana – Bº da Coxa

(9:00 – 18:00)
273323109/10

Coimbra
Sede Cáritas - Rua Francisco Almeida – Areeiro

(9:00 – 18:00)
239792430

Évora
Sede Cáritas – Av. Combatentes G. Guerra, nº2

(9:00 – 12:00 / 14:00 – 17:00)
266739890

Guarda
Av. Afonso Costa – junto ao INATEL

(14:00 – 18:30)
271212428

Lisboa
Fazer contacto telefónico prévio 213573386

Porto
Sede Cáritas – Rua Latino Coelho, 314

(9:30 – 12:30 / 14:00 – 18:00)
225024467
Setúbal Edif. Cais – Armazém Nascente Entrada Doca das Fontainhas

(10:00 – 12:30 / 14:30 – 18:00)
265509080
Viana do Castelo Roupeiro Social – R. Sá Bandeira – Próx. Governo Civil

(14:30 – 18:00)
258824459

Vila Real
Bairro da Telheira, lote 10 Parada de Cunhos

(9:00 – 12:30 / 13:30 – 17:00)
259372146

Viseu
Quartel de Infantaria 14

(9:00 – 17:30)
232 420 340


Vamos todos ajudar a reconstruir a Ilha da Madeira.

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domingo, 21 de fevereiro de 2010

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Câmara subsidia metade do preço dos remédios a idosos carenciados


Com uma reforma de "300 e poucos euros" por mês, Joana Carreiras, 61 anos, diz não ter possibilidades económicas para adquirir todos os medicamentos de que necessita. Por isso, adoptou uma solução de recurso: "Comecei a poupar nos comprimidos e deixei de tomar os da manhã."

Reformada por invalidez, esta mulher residente em Malarranha, concelho de Mora, beneficia da ajuda da autarquia, que comparticipa em 50% as des- pesas com medicamentos feitas por idosos com pensões inferiores a 325 euros mensais. Apoios que se estendam a outras autarquias do País (ver texto secundário). Mas nem assim o dinheiro chega para todos os gastos.

"Todos os dias tenho de tomar 16 comprimidos, são cem euros por mês", garante Joana Carreiras, que diz sofrer de problemas do coração e de estômago, entre outros. Como a despesa na farmácia é demasiado pesada, a solução foi radical: "Deixei de tomar os compridos da manhã, eram logo nove."

Viúva, Joana Carreiras tem ainda a seu cargo a mãe e o pai, respectivamente com 82 e 83 anos. Numa terra onde todos se conhecem, já chegou a levar medicamentos "fiados", que depois pagou ao receber o 13.º mês. Agora, resolveu "poupar" na saúde, pois o dinheiro "não dá" tudo. "Se não fosse este auxílio, nem sei o que seria de nós", refere.

Em 2009, o Gabinete de Apoio Social da Câmara Municipal de Mora apoiou 1170 idosos na aquisição de remédios, o que representa uma despesa de 114 093 euros.

Nos serviços financeiros da autarquia deram entrada só no ano passado 22 737 facturas relativas a despesas nas farmácias.

Todos os portadores do cartão do idoso beneficiam de uma ajuda de 50% no custo dos medicamentos comparticipados pelo Serviço Nacional de Saúde. O que ajuda a aliviar os encargos dos mais desfavorecidos.

Em declarações ao DN, o presidente da autarquia, Luís Simão, reconhece que, apesar deste auxílio, "alguns idosos, cujas pensões continuam a ser muito baixas, não têm possibilidades" financeiras para chegar à farmácia e aviar a totalidade da receita prescrita pelo médico. Daí o presidente da Câmara Municipal de Mora defender a necessidade de uma "maior atenção por parte do Estado".



Exemplos que existem noutras autarquias

Fonte da Associação Nacional de Municípios Portugueses diz que "não existe informação sistematizada" relativa ao apoio das autarquias a nível social, mas reconhece que exemplos como o de Mora "existem por todo o País", com pequenas variações ao nível da atribuição dos apoios.

Um dos exemplos mais recentes é o da Câmara Municipal de Leiria, que no passado dia 26 de Janeiro aprovou a comparticipação de medicamentos às famílias carenciadas do concelho, até um máximo de cem euros por ano. O apoio vai abranger cerca de mil agregados familiares cujo rendimento não ultrapassa os 70% da pensão mínima (243 euros).

A comparticipação de medicamentos aos idosos carenciados de Mora foi decidida depois de os autarcas terem tido conhecimento do caso de um homem que foi à farmácia e que, como tinha apenas 50 euros, pediu à farmacêutica para lhe aviar "os melhores". "Como se ele não precisasse de todos", recorda o actual presidente de Câmara, Luís Simão, reconhecendo que o apoio da autarquia "é uma boa ajuda" mas não resolve a totalidade dos problemas.

"É impossível agregados familiares que subsistem com reformas muito baixas fazerem face a todas estas despesas na farmácia, mais algumas a que não se pode fugir, como a renda de casa ou a electricidade."

Segundo Luís Simão, Mora foi o "primeiro município do País a dar este tipo de apoio social", com a criação do cartão do idoso, em 2001. De então para cá, o "benefício gerado" aos pensionistas ascende a 1,35 milhões de euros. "Não nos podemos dissociar deste papel de apoio social", resume.


DN