quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Soneto quase inedito


Soneto quase inédito

Surge Janeiro frio e pardacento,
Descem da serra os lobos ao povoado;
Assentam-se os fantoches em São Bento
E o Decreto da fome é publicado.

Edita-se a novela do Orçamento;
Cresce a miséria ao povo amordaçado;
Mas os biltres do novo parlamento
Usufruem seis contos de ordenado.

E enquanto à fome o povo se estiola,
Certo santo pupilo de Loyola,
Mistura de judeu e de vilão,

Também faz o pequeno "sacrifício"
De trinta contos - só! - por seu ofício
Receber, a bem dele... e da nação.

JOSÉ RÉGIO Soneto escrito em 1969.


Tão actual em 1969, como hoje...
E depois ainda dizem que a tradição já não é o que era!!!

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Viva a Crise...




Viva a crise! Assim começou o festival internacional de curtas-metragens de Évora. O filme do romeno Alexei Gubenco (Vive la crise!, 2009) aborda a crise actual, mas apresenta formas de reagir e mesmo de a resolver. “Um filme que aconselho a todos os políticos portugueses” diz o director do festival, João Paulo Macedo.

O FIKE 2010 acontece numa altura em foi anunciado o fim do contrato celebrado entre a Câmara de Évora e o cineclube da Universidade de Évora para a exibição de cinema comercial. A cidade pode assim ficar, de vez, fora do circuito do cinema mais visto em todo o mundo, a partir do dia 1 de Novembro. Mas até sábado não vai faltar cinema. Ao todo são 40 filmes que estão em competição, a que se juntam mais 70 extra-concurso, oriundos de mais de 20 países.

“Estão representado diversos géneros cinematográficos como animação, ficção e documentário” revelou o director do certame que se realiza pela nona vez. Uma mostra multicultural que este ano se estende ao Alandroal, concelho onde irão decorrer sessões para escolas e ainda o workshop “Como se faz um filme”, dirigido por Henrique Espírito Santo.

Já em Évora, para além da competição, estão previstos concertos, todas as noites e uma Master Class que será dirigida por Ruy de Carvalho, Nicolau Breyner e Manuela Couto. O FIKE 2010 É organizado pela Sociedade Joaquim António de Aguiar e pelo cineclube da Universidade de Évora em parceria com a associação Estação Imagem e tem o apoio das câmaras municipais de Évora e de Alandroal, do instituto do Cinema e Audiovisual e de diversas empresas da cidade de Évora.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Mora terra de progresso ...


Significado da palavra "Progresso"

Que devemos entender por essa palavra? Se a definirmos como bons gramáticos, diremos que é um acréscimo de bem ou de mal, na medida em que possamos discernir entre o bem e o mal; e estaremos assim a representar o próprio avanço da humanidade. Mas se, como se faz nesta época em que não se sabe mais pensar nem falar, dissermos que o progresso é o movimento da humanidade que se aperfeiçoa sem cessar, estaremos a dizer uma coisa que não corresponde à realidade. Esse movimento não se observa na História, a qual só nos apresenta uma sucessão de catástrofes e de avanços seguidos de retrocessos.
Anatole France, in "A Vida em Flor"
1922

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Plantar na horta para ter no prato




Valentim José, 79 anos, trabalhou a vida inteira na agricultura, participou na reforma agrária e dirigiu a cooperativa local. Não entende o abandono dos campos, nem as "grandezas" dos políticos e critica o aumento do fosso entre ricos e pobres. A reforma de 300 euros mal dá para comer.


Era o mais novo de três irmãos e seguiu as pisadas dos mais velhos quando estes decidiram deixar a escola. Estudou apenas até à 3ª classe e, ainda criança, foi guardar porcos para os montados de Mora, concelho alentejano onde nasceu e ainda hoje reside, após uma vida inteira de trabalho no campo.

Mais de 40 anos na agricultura valem-lhe uma reforma de 300 euros que, juntamente com a da mulher, tenta agora engordar com o que planta nas traseiras de casa. Batatas, couves, tomate, feijão, pimentos e cebola, tudo o que cai na panela da sopa, porque "o dinheiro chega cada vez menos" e "o que a gente arranja com a nossa mão já não compra no supermercado". De carne quase só comem frango e peixe pouco entra lá em casa.

Valentim José tem 79 anos e a mulher, Maria Rosa de Assis, 78. Conheceram-se na agricultura, quando ambos trabalhavam ao dia, ganhando "25 escudos". "Era aquilo que eles queriam pagar. Não podíamos reivindicar nada", recordam, lembrando os nove anos de namoro, sempre ao domingo, à vista da mãe dela, e sem as "modernices" de hoje. "Antes era aperto demais. Agora é liberdade a mais", resume Valentim.

Depois, deu-se o 25 de Abril de 1974, as nacionalizações, as expropriações, a "evolução". Valentim, militante do PCP, envolveu-se activamente na reforma agrária. Primeiro na formação das comissões de trabalhadores, depois na criação e gestão da cooperativa "A luta é de todos", que chegou a ter 450 trabalhadores e "16 tractores". Sobreviveu 20 anos.

"Unimos tudo: o que fosse bom para uns, era bom para todos; o que fosse ruim para uns, era ruim para todos", diz Valentim, lamentando que esse desígnio tenha sucumbido aos anos de "retrocesso", como classifica os governos de Mário Soares e o seu "socialismo em liberdade".

"Isto não é socialismo nenhum! Socialismo é as pessoas estarem mais perto umas das outras e os rendimentos estarem bem distribuídos", diz Valentim, que acompanha a par e passo as notícias na televisão e lembra-se bem de ter ouvido, recentemente, que Portugal foi o país dos 27 onde "a pobreza aumentou mais e onde a riqueza aumentou mais: os pobres ficaram mais pobres e os ricos ficaram mais ricos". "Sempre houve gente a viver bem e gente a viver mal. Mas as desigualdades sociais estão muito piores do que estavam", afiança.

Valentim não poupa nas críticas aos políticos pelas suas manias de "grandeza" e pela situação a que conduziram as finanças públicas. "Se eles não gastassem mais do que podem, isto não estaria assim. É comboios, é submarinos, é pontes... Eu não sei se a gente tinha necessidade destas coisas todas", diz ele que, aos quase 80 anos, faz contas fáceis de cabeça ao que o novo aumento do IVA vai provocar nas contas lá de casa.

Na farmácia - onde deixam em média 100 euros/mês - temem as mudanças com o fim da comparticipação dos medicamentos genéricos a 100%. E é certo que vão continuar a "encurtar" nos comprimidos para não esvaziar a carteira, tomando-os só quando as dores apertam. O que também não entra na cabeça de Valentim são os subsídios para ter as terras abandonadas. "O pouco que se produzisse era o menos que se ia comprar lá fora e ficava cá o rendimento", diz, ele que dá o exemplo lá em casa.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Pedido de Divulgação - Petição Publica


EM DEFESA DA FESTA BRAVA

Em Defesa da Festa Brava
Em Defesa da História, da Terra e dos Homens
Em Defesa dos Animais e da Natureza

Chamo-me Francisco Moita Flores. Sou escritor. Sou pai de três filhos, avô de três netos. E, neste momento da minha vida pessoal, por decisão do Povo de Santarém, sou Presidente de Câmara.
Nasci num monte alentejano entre Moura e Amareleja. Cresci repartido entre a cidade e o campo. Estudei na escola primária desse monte, depois numa vila, depois nas cidades do país, depois em cidades de outros países. Aprendi a vida convivendo com manadas de vacas, imensos rebanhos de ovelhas, cavalos, mulas, porcos, cabras, com o rio Ardila e tinha uma cadela que se chamava Maravilha. Durante 15 anos servi a Polícia Judiciária. Fui testemunha e actor do sofrimento mais pungente, de tragédias inimagináveis, de lágrimas feitas de tanta dor que não havia consolo. Conheci, vivi, convivi com o luto e a morte durante este tempo. Tempo demais para não sermos tocados por esse mundo invisível de dor e pranto. E este rasto de sofrimento e morte, de miséria e desespero, de violência e brutalidade em contraste com as memórias de outros tempos de menino converteu-me ao franciscanismo. S. Francisco, o irmão de todos os rios, irmãos de todos os pássaros, irmão do sol e da vida, irmão dos animais, das árvores, dos homens, das crianças, ensinou-me o caminho ético e moral para educar os meus filhos e amar os meus netos e a gente que em mim deposita confiança para governar.
Aprendi nos campos alentejanos a ser aficionado. Uma pulsão emotiva que não sabia explicar. O touro bravo, fera negra, símbolo da morte e do medo, olhava-nos arrogante e valente. Aprendi a admirá-lo. E descobri em Knossos, nos frescos deixados pela civilização cretense, que essa admiração era velha. Em Esparta e na civilização grega. Reencontrei-a em Roma e na civilização romana. Depois nos enormes frescos de Miguel Ângelo, nos poemas de Garcia Lorca, na pintura de Picasso, nas páginas de Hemingway e de tantos outros poetas, escritores, pintores, escultores que percebi que o irmão touro bravo integrava o psicodrama essencial do Homem. A sua inquietude perante a morte e a necessidade de a vencer para aspirar à imortalidade. Numa arena, em cada combate, vence a vida ou vence a morte. Não há meio termo. Esta dimensão trágica do simbólico enredo taurino está presente em todas as manifestações populares, nomeadamente, nas largadas, que arrebatam milhões de entusiastas que procuram apostar a vida, nem que seja numa corrida medrosa com o touro a quinhentos metros de distância. E o ritual cumpre-se pelo exorcismo da negação evitabilidade finitude.
O crescimento das cidades, e das culturas urbanas, produziu novos mitos. Novas falas, como lhe chama Roland Barthes. Produziu novos ritos sociabilitários, novos discursos simbólicos, novos afectos e importantes discursos sobre o mundo e os nossos destinos colectivos. Representou grandes ganhos revolucionários, culturais e civilizacionais e bem se pode dizer que, hoje, o mundo é comandado pelas cidades. Porém, também desvarios, radicalismos, intolerância e a irrupção de um pensamento que destrói a memória, que expropria e marginaliza os ritos, os mitos, os valores, os símbolos que durante séculos consolidaram Portugal, lhe deram identidade e o afirmaram como Língua, como Povo, como Pátria, como Território. As culturas urbanas radicais desprezaram os campos e desprezam os seus costumes, gostos, atitudes psico-afectivas. Consideram-nos ganga, ruído, ‘pimba', decadência face ao brilho multicolorido das cidades. Como disse a grande poetisa Sophia de Mello Breyner, são pessoas sensíveis que detestam ver matar galinhas, mas adoram canja de galinha! Culturas, ou microculturas radicais que surpreendidos pela devastação que provocaram, desertificando os campos, envelhecendo-os, matando-os, matando a agricultura, as aldeias, as vilas, a vida da pastorícia, das florestas - tudo submetido à ordem e aos valores da cidade - descobriram que valia a pena lutar por adereços. Não pelos campos ou pela multiplicação dos animais como estratégia de recuperação do mundo agrícola, muito menos por respeito pelos homens que desprezam e tratam como meros servos, mas para apaziguar consciências consumistas que na irracionalidade do consumismo despedaçaram qualquer outro valor, ideia, ou respeito pelos outros, seja pelos Homens, seja pela Natureza, seja pelos Animais.
Os diferentes nichos que surgem pelo país, em defesa do lince, em defesa do lobo, em defesa da água, contra a festa brava, na maior parte dos casos apenas olha a árvore e recusa-se a ver a floresta. São, na sua maioria, contra qualquer vínculo que afirme o respeito pelos Direitos do Homem casados e em sintonia com os Direitos da Terra. Não quero, nem é possível discutir os argumentos contra a Festa Brava. São do território da fé e jamais chegaríamos ao fim. Não é possível argumentar contra visões fundamentalistas, transformadas em beatério de confrades laicos. Que gozam as graças de meios de comunicação que adoram ruído e conflito e acreditam piamente nas verdades gritadas por aguerridos beatos, quais velhas inquisidoras. Na verdade, limpando a hipocrisia, a nenhum interessa os direitos dos animais, nem os direitos dos homens. Gritam o folclore politicamente correcto e giro! E fazem abaixo assinados, procurando destruir sem compreender, protestar quando a verdadeira essência do seu protesto são as suas próprias consciências. Nem é o sofrimento do animal, como eles dizem, que os move. Pois se o fosse, estariam aos gritos em todos os locais em que se ‘fabricam' com hormonas, frangos, vacas, ovelhas para alimentar a cidade. Estariam às portas dos grandes matadouros escutando os urros de milhares de animais que adivinham o cheiro da morte. Estariam nas barricadas contra as guerras que matam homens e crianças, na linha da frente da luta pelo renascimento do campo e das culturas rurais, na linha da frente contra a violência doméstica. Não! Nada disto. Apenas contra a pretensa violência contra os touros bravos. Nem pelo outro argumento comodista e repetido de que não são contra o abate dos animais mas sim contra o espectáculo que, no caso português, nem os abate. Maior hipocrisia não existe. Nem paciência para discutir a fé de angustiados.
Cheguei à idade onde já não há paciência para ser insultado por uma horda de analfabetos. Embora respeite os seus gritos, pois creio nesta terra da liberdade sem excepção de ninguém. Até daqueles que assiste o direito ao disparate. Cheguei á idade da tolerância mas também ao tempo onde, mais do que nunca, acredito que só é possível salvar os Direitos do Homem se com eles salvarmos os Direitos da Terra. É a minha crença profunda. E sei que o combate passa por afirmar a defesa dos símbolos, dos valores, dos ritos, das cargas simbólicas que consolidaram a nossa secular matriz identitária. E esse combate feito de muitas frentes de luta, tem numa delas os ‘talibãs' que em nome dos direitos dos animais procuram destruir os animais, a economia que os sustenta e os animais sustentam, além da cultura a eles imanentes. Por isso mesmo decidi lançar este abaixo assinado que vos envio. Já que a moda é o abaixo assinado, assinemos. Em defesa da Festa Brava, em defesa da Festa, em defesa dos valores da Terra, da Vida e dos ritos exorcizadores da Morte, em defesa dos animais, dos touros, dos cavalos, dos pastores e dos campinos, da economia agrícola e animal associada à Festa e ao espectáculo, em nome do progresso com Memória, em nome do desenvolvimento sem perder o sentido da História.
Proponho-vos chegarmos a CEM MIL assinaturas até Julho de 2011. CEM MIL! Convido-vos a todos. Aos meus irmãos homens, às minhas irmãs mulheres, que afirmem por este abaixo assinado fora, este combate pela cidadania e pelos direitos da Terra para que ninguém se amedronte perante a gritaria histérica de alguns. Convido-vos com a serenidade da razão a subscrever este abaixo assinado e definitivamente mostrar ao país que não nos submetemos à ditadura do ‘hamburger' urbano e que somos muitos, disponíveis para lutar, resistir e assumir Portugal na sua unidade complexa e diversa. Sem intolerância, em nome da Liberdade, mas também em nome dos direitos naturais sagrados que nos tornaram portugueses, filhos de Portugal, netos de almocreves, cavaleiros, campinos, guardadores de rebanhos, de escritores e de poetas, de guerreiros e camponeses, nascidos do mesmo ventre de terra à qual um dia regressaremos.





Santarém, 25 de Agosto de 2010
Francisco Moita Flores

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

O Orçamento de Estato




Orçamento do Estado

Todos os nossos governantes falam em cortes das despesas, mas não dizem quais, e aumentos de impostos, a pagar pela malta.
Não ouvi foi nenhum governante falar em:

. Redução dos deputados da Assembleia da República e seus gabinetes, profissionalizá-los como no estrangeiro.
. Reforma das mordemias na Assembleia da República como, almoços com digestivos a € 1,50.
. Acabar com os milhares de Institutos que não servem para nada e tem funcionários e administradores com 2º ou 3º emprego.
. Acabar com as empresas Municipais, com Administradores de milhares de euros mês e que não servem para nada.
. Redução drástica das Câmaras Municipais, Assembleias, etc.
. Redução drástica das Juntas de Freguesia.
. Acabar com o pagamento de € 200 por presença de cada pessoa nas reuniões das Câmaras e € 75 nas Juntas de Freguesia.
. Acabar com o Financiamento aos Partidos.
. Acabar com a distribuição de carros a Presidentes, Assessores, etc, das Câmaras, Juntas, etc que se deslocam em uso particular pelo País. No estrangeiro isto não acontece.
. Acabar com os motoristas particulares 20 h/dia.
. Acabar com a renovação sistemática de frotas de carros.
. Colocar chapas de identificação em todos os carros do Estado.
. Acabar com o vaivém semanal dos deputados dos Açores e Madeira e, respectivas estadias em Lisboa em hotéis cinco estrelas.
. Controlar o pessoal da Função Pública que nunca está no local de trabalho e que faz trabalhos nesse tempo, para o Estado.
. Acabar com os milhares de pareceres jurídicos, caríssimos.
. Acabar com as várias reformas por pessoa, do pessoal do Estado.
. Pedir o pagamento dos milhões dos empréstimos dos contribuintes ao BPN e BPP.
. Por aí fora. Recuperamos depressa a nossa posição.
. Já estou cansado, fica assim.
Recebido Por E-mail

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

José Mario Branco

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Republica Portuguesa ?


Sou Republicano porque não entendo que alguém possa ser governante só por ser filho de outro alguém ou por alguma ordem divina, independente de ser doido, burro ou simplesmente um filho da p... , mas para virar o rumo não me importaria de votar na monarquia. Infelizmente aqueles que nos governam agora não honram os ideais daqueles que, há 100 anos derrubaram a monarquia. Infelizmente o poder continua a corromper e a perpectuar a injustiça. Felizmente há sempre quem acredite que tudo pode ser diferente. Nada obriga a que o futuro não possa ser diferente e construido por gente mais humana, honesta e capaz. Está nas nossas mãos se assim o desejarmos.