terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Palhaços deste País


Um texto do Mário Crespo publicado no JN

O palhaço compra empresas de alta tecnologia em Puerto Rico por milhões, vende-as em Marrocos por uma caixa de robalos e fica com o troco. E diz que não fez nada. O palhaço compra acções não cotadas e num ano consegue que rendam 147,5 por cento. E acha bem.
O palhaço escuta as conversas dos outros e diz que está a ser escutado. O palhaço é um mentiroso. O palhaço quer sempre maiorias. Absolutas. O palhaço é absoluto. O palhaço é quem nos faz abster. Ou votar em branco. Ou escrever no boletim de voto que não gostamos de palhaços. O palhaço coloca notícias nos jornais. O palhaço torna-nos descrentes. Um palhaço é igual a outro palhaço. E a outro. E são iguais entre si. O palhaço mete medo. Porque está em todo o lado. E ataca sempre que pode. E ataca sempre que o mandam. Sempre às escondidas. Seja a dar pontapés nas costas de agricultores de milho transgénico seja a desviar as atenções para os ruídos de fundo. Seja a instaurar processos. Seja a arquivar processos. Porque o palhaço é só ruído de fundo. Pagam-lhe para ser isso com fundos públicos. E ele vende-se por isso. Por qualquer preço. O palhaço é cobarde. É um cobarde impiedoso. É sempre desalmado quando espuma ofensas ou quando tapa a cara e ataca agricultores. Depois diz que não fez nada. Ou pede desculpa. O palhaço não tem vergonha. O palhaço está em comissões que tiram conclusões. Depois diz que não concluiu. E esconde-se atrás dos outros vociferando insultos. O palhaço porta-se como um labrego no Parlamento, como um boçal nos conselhos de administração e é grosseiro nas entrevistas. O palhaço está nas escolas a ensinar palhaçadas. E nos tribunais. Também. O palhaço não tem género. Por isso, para ele, o género não conta. Tem o género que o mandam ter. Ou que lhe convém. Por isso pode casar com qualquer género. E fingir que tem género. Ou que não o tem. O palhaço faz mal orçamentos. E depois rectifica-os. E diz que não dá dinheiro para desvarios. E depois dá. Porque o mandaram dar. E o palhaço cumpre. E o palhaço nacionaliza bancos e fica com o dinheiro dos depositantes. Mas deixa depositantes na rua. Sem dinheiro. A fazerem figura de palhaços pobres. O palhaço rouba. Dinheiro público. E quando se vê que roubou, quer que se diga que não roubou. Quer que se finja que não se viu nada.
Depois diz que quem viu o insulta. Porque viu o que não devia ver.
O palhaço é ruído de fundo que há-de acabar como todo o mal. Mas antes ainda vai viabilizar orçamentos e centros comerciais em cima de reservas da natureza, ocupar bancos e construir comboios que ninguém quer. Vai destruir estádios que construiu e que afinal ninguém queria. E vai fazer muito barulho com as suas pandeiretas digitais saracoteando-se em palhaçadas por comissões parlamentares, comarcas, ordens, jornais, gabinetes e presidências, conselhos e igrejas, escolas e asilos, roubando e violando porque acha que o pode fazer. Porque acha que é regimental e normal agredir violar e roubar.
E com isto o palhaço tem vindo a crescer e a ocupar espaço e a perder cada vez mais vergonha. O palhaço é inimputável. Porque não lhe tem acontecido nada desde que conseguiu uma passagem administrativa ou aprendeu o inglês dos técnicos e se tornou político. Este é o país do palhaço. Nós é que estamos a mais. E continuaremos a mais enquanto o deixarmos cá estar. A escolha é simples.

Ou nós, ou o palhaço.

8 comentários:

  1. Ai,Mário Crespo, onde tu te meteste! Toda a gente sabe quem é o palhaço rico (que, como quase todos os ricos, lá chegou através de mil e uma chico-espertices ou vigarices ...não foi, de certeza, a trabalhar honestamente)de que falas.
    Acho que o palhaço rico vai falar com os domadores de feras do circo dele e manda que estas te abatam. Parece-me que aqueles belosdebates da SIC Notícias vão acabar... Lembrem-se do Jornal da 6ª feira da Manuela Moura Guedes.
    E Viva a democracia.

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  2. Este palhaço parece O Sinogas!!Esse é um palhcinho!!Fala em nome dos pobres e come da gamela dos ricos!!Fonix!!

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  3. Se este texto foi escrito por esse tal de mário,é vergonhoso e merece ser chamado a dar umas explicações,ainda não estamos numa rep. das bananas.Apesar de tudo o que se passa neste país,o respeito pelos orgãos de soberania deve prevalecer,tal como o respeito por qualquer cidadão.

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  4. O Sócrates, embora caiba, e tenha o seu lugar, no contexto do texto, não é o alvo directo de Mário Crespo, que me parece aqui muito mais abrangente, englobando toda a massa capitalista corrupta, e que só os mais distraídos, e alguns comentaristas deste blog, desconhecem.
    Numa coisa Crespo tem razão: Ou eles ou nós.E pelo que se vai vendo por aqui, restam poucas duvidas por onde parte a corda.

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  5. Só não concordo com o termo "PALHAÇO" porque palhaço é uma profissão muito digna e fazer rir é um assunto muito sério e trabalhoso o mais correcto seria chamar POMBO, pois a tarefa desta simpática ave asssemelha-se em muito ao trabalho dos politicos, COMER E CAGAR, de preferência comer muito "milho" para poder fazer valentes cagadas e não é só este pombo, são também os pombos mais pequenos, a diferença é que este é um grande pombo, que come muito milho e ocupa o poleiro mais alto os outros pombos apesar de se esforçarem comem menos milho e ocupam o poleiro mais baixo como tal a merda que o primeiro faz é bem maior e devido á elevada altura do poleiro atinge uma área muito maior aquando do seu enbate no solo os pombinhos mais pequenos e que são muitos vão fazendo as suas poias , mais pequenas mas não sendo por isso desculpáveis porque como são numerosos acabam por conseguir cagar tudo á sua volta, e alegres e contentes vão a seu belo prazer, conforme os seus desvaneios momentâneos a e a sua ininputabilidade permanente tendo ideias mais ou menos insanas, proprias das suas mentes detorpadas e vazias de intiligencia brincando com o milho da quinta, utilizado irracionalmente sem objectivos válidos para o presente nem para o futuro da quinta, os outros animais preferiam semear pelo menos parte do milho, para garantir o futuro da quinta, mas o pombo, animal comilão e cagão tudo vai comendo e tudo vai cagando, ou nos vemos livres do raio dos pombos ou então a quinta irá á falência, talvez vendida em asta publica onde algum POMBARRÃO irá fazer mais um negócio da china para encher o seu papo insaciavel e num ciclo vicioso e doentio aumentar fortemente a dimensão e altura da qual cairá a enorme bosta que acabará por cagar o mundo (que já esta suficientemente cagado) a unica solução é controlar os pombos, o seu crescimento, a sua ração e a merda que fazem... resumindo RAIOS PARTAM A MERDA DOS POMBOS E MAIS A A MERDA QUE ANDAM A FAZER

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  6. Que o ilustre Alex é um entendido em merda, não restam duvidas. A duvida que me fica, é se o mesmo ilustre Alex está apenas preocupado com a merda da QUINTA, se também com a merda fora dela.
    Julgo que comparando as merdas, a da quinta será uma merdinha insignificante, embora merecedora de atenção. O que me preocupa é a merdona que grassa em todo o País, cagada pelas altas instâncias, e cujo nível há muito que ultrapassou os joelhos, deixando de ser um atasqueiro e transformando-se num mar de MERDA.
    E não se esqueça que os grandes palhaços, ou pombos, até nem são os politicos, que por vezes são apenas as suas marionetes.

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  7. As conversas são como as cerejas.
    Não querendo ser igual aqueles moralistas, que logo parasitam os movimentos que os acordam, mas ainda dentro da temática columbófila e não só, proponho à comunidade blogger uma visita a Fernando Pessoa em geito de cartão de Boas Festas:

    "... ... ... ... ...
    nem sequer o deixavam ter pai e mãe
    como as outras crianças.
    O seu pai era duas pessoas -
    Um velho chamado José que era carpinteiro,
    e que não era pai dele;
    e o outo pai que era uma pomba estúpida,
    a única pomba feia do mundo
    porque não era do mundo nem era pomba.
    E a sua mãe não tinha amado antes de o ter.
    Não era mulher; era uma mala em que ele tinha vindo do céu.
    ... ... ... ... ... ...
    A mim ensinou-me tudo.
    Ensinou-me a olhar para as cousas.
    ... ... ... ... ... ...
    Diz-me muito mal de Deus.
    Diz que ele é um velho estúpido e doente
    sempre a escarrar no chão
    e a dizer indecências.
    A Virgem Maria leva as tardes da eternidade a fazer meia,
    e o Espírito Santo coça-se com o bico
    e empoleira-se nas cadeiras e suja-as.
    Tudo no céu é estúpido como a Igreja Católica.
    Diz-me que Deus não percebe nada
    das coisas que criou
    -'Se é que ele as criou, do que duvido'-
    Ele diz, por exemplo, que os seres cantam a sua glória,
    mas os seres não cantam nada.
    Se cantassem seriam cantores.
    Os seres existem e mais nada, e por isso se chamam seres.'
    E depois, cansado de dizer mal de Deus,
    o Menino Jesus adormece nos meus braços
    E eu levo-o ao colo para casa.
    ... ... ... ... ... ..."


    FELIZ NAVIDAD, BOM AÑO NUEVO!
    como diria Luz Casal.

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  8. Claro que se a prosa fosse de Saramago, seria uma heresia a merecer excomunhão, mas Pessoa sempre teve uma dose de loucura suficiente para se fazer respeitar.

    A propósito de Luz Casal, sempre preferi Isabel Pantoja.

    Feliz Natal para todos.

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