segunda-feira, 9 de novembro de 2009

20 Anos depois da queda, e agora ?


Faz hoje exactamente 20 anos, a queda do Muro De Berlim foi a face visível da Perestroika, do fim da Guerra Fria e da divisão do mundo em dois blocos.

Dos autocarros turísticos, a cidade vê-se sépia - e é como estar no set de um episódio de "Conta-me como Foi". Berlim, que hoje lembra vinte anos sobre a queda do muro, é uma cidade postal. Quando se olha de longe, parece uma imagem de arquivo. De perto, tem tudo bem arquivado: nós assim, eles de outra maneira. Vinte anos depois, a memória descreve uma cidade partida em duas. Dois universos. E duas maneiras de olhar para um muro.

É que mesmo com arame farpado à porta de casa, há uma diferença grande entre viver dentro dos limites e viver limitado. Durante os 28 anos que o muro durou, quem vivia no lado ocidental podia ir à janela ver os seus limites, mas não tinha de se sentir limitado. Porque a cidade estava dividida, mas "só quem morava na parte Leste estava realmente impedido de viajar. Porque era isso que lhes diziam: vocês só não podem viajar", conta Maria de Lurdes Carvalho, 51 anos, com um nome português que não engana e uma vida que não a deixa enganar-se - já é tão de Berlim como os que ali nasceram, apesar de hoje lhes cantar fado, com o Trio Fado.

Aquilo que Berlim ocidental tinha de melhor, diz, era mesmo uma sensação de ilha. "Havia muita cultura aqui deste lado. Berlim recebia dinheiro da Alemanha Ocidental e vivíamos muito bem, havia trabalho, havia cultura, havia tudo. Para a Alemanha era importante que Berlim não desistisse e isso dava-nos a possibilidade de vivermos até melhor do que hoje", diz. Ela que chegou a Berlim em 82, depois de breves passagens por Londres e Paris, não foi uma emigrante típica (de resto, em Berlim não havia indústria, logo, antes da queda do muro praticamente não havia portugueses na cidade). Sem trabalho certo, fez de tudo, mas de tudo o que tivesse a ver com cultura. Apesar de ter vivido sempre no lado ocidental, trabalhou muitos anos com aquele que viria a realizar um dos mais emblemáticos filmes sobre o muro e a sua queda vistos do lado Leste, "Good Bye, Lenin", Wolfgang Becker.

Mas se hoje é claro como a vodka que a cena artística vive no lado Leste, na altura o lado ocidental já suspeitava disso. "Sabíamos que havia noites de ópera lá, por exemplo, e às vezes íamos mesmo lá ao teatro. Eles tinham óptimos actores do lado de lá. Claro que os textos eram..." Eram, claro. "Mas ao mesmo tempo que eles tinham essas limitações, sabíamos, por exemplo, que eram mais livres no plano sexual." Livres, como? "O nudismo começou mais rapidamente lá que aqui. E as mulheres eram mais livres em termos sexuais, tinham menos tabus." A percepção, que Maria foi construindo à medida que o muro foi sendo destruído, confirmou-se depois, mais tarde, quando também os berlinenses de Leste puderam visitá-la na parte ocidental. "E quando chegaram eram olhados de outra maneira. Aquelas histórias de que eles nunca comiam bananas, que não podiam comprar algumas coisas, como Coca-Cola, tudo isso foi aproveitado para os gozar."

No lado ocidental, a vida era simples. "A verdade é que não nos lembrávamos muitas vezes do muro. Tanto que quando ele caiu às vezes passava por zonas onde sabia que ele tinha existido e pensava: "Aqui era o muro, claro.". Sei que para alguns alemães com quem me relacionava não era tão fácil. Alguns ficaram separados da família. Mas tenho um amigo, por exemplo, cuja avó ficou no lado Leste e quando teve a oportunidade de regressar [depois dos 65 anos, qualquer cidadão podia regressar à zona ocidental] não quis. Preferiu ficar lá."

economico sapo

17 comentários:

  1. Todos os muros caem, mais tarde ou mais cedo. Um deles é o muro da ignorância. Tempos virão que estes temas serão discutidos com interesse. Até lá, coisas como estas manter-se-ão com 0 comentários.
    O Zé Povinho quer é chafurdar. Muros? o que é isso?.

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  2. Propaganda comuna do mais baixo nivel.todos sabemos como eram perseguidos os artistas e os escritores na alemanha oriental.o muro da vergonha foi o inicio do desmascarar de uma ditadura manchada com o sangue de muitos inocentes.lamento que em 2009 esta gente ainda venda esta banha da cobra,tanto cinismo e tanto veneno.

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  3. Por favor tirem os fantasmas do site da CAMARA de MORA, o outro senhor ainda é o Prrrrreeessiidente

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  4. Parece que não é só no site da Câmara Municipal, que o fantasma do anterior presidente permanece, ele está bem presente em todas as atitudes e tomadas de posição pelo novo executivo.
    Não tenham medo façam o que tem que fazer, o povo de Mora agradece.

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  5. Fui obrigado a fugir desta terra, o comunismo é terrível.

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  6. Gastronomia da caça ,jantar medieval para os pré-históricos e lá vai estar o cagão e a sua prole de lacaios,bobos e o circo .

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  7. Ao anónimo das 10-11-2009 17:06:
    Dividas não...?
    Os vigaristas mal-sucedidos, normalmente são obrigados a fugir. Que eu saiba nenhuma pessoa de bem foi obrigada a fugir desta terra. E se o tivesse feito teria sido por um acto de cobardia porque já não existem papões. Estamos num país livre. Até talvez livre de mais que há por aí abusadores da liberdade dos outros que deviam ser punidos. É um dos males da democracia. Já lá diz aquela velha senhora: "se calhar seria bom pararmos a democracia por uns tempos", que isto está a precisar de um novo 25, digo eu...

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  8. Um Trabalhador10/11/09, 22:47

    @22:15
    se está tranquilo o problema é seu, mas ao contrario do pensamento de V/Exa existem pessoas que não estão tranquilas porque tem de trabalhar, sim trabalhar com todas as letras, para sustentar as familias, e que não tem emprego na nossa terra, talvés a ignorancia o atrapalhe, mas de sentido figurado se dizem as verdades, e sabe que mais, eu estou morto, morto de tanto trabalhar, longe de casa e da familia, talvés o Sr agora esteja junto da sua no quentinho, né.
    Fique bem Exmo Sr Tranquilo.

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  9. Tem razão Sr. Trabalhador. Estou no quentinho junto da minha família. Mas também eu tive dificuldades em arranjar trabalho. Também eu deixei esta terra porque julgava que noutro sítio seria fácil. Também eu estive quase morto de tanto trabalhar. Também eu vive as dificuldades que um imigrante vive. Por isso resolvi fazer os sacrifícios aqui, na minha terra. Não precisei de engraxar políticos nem baixar as calças frente a exploradores burgueses. Apenas trabalhei com o mesmo sacrifício que trabalhava lá fora. Não esperei que me servissem a papinha já feita. Quem quis trabalhar de verdade nesta terra sempre o conseguiu. É ver os imigrantes que vieram doutros lados e que cá se estabeleceram, trabalharam e venceram. Não precisaram que ninguém lhe arranjasse emprego. Trabalharam e venceram. Porque não fazem os de cá o mesmo? Porque só os de fora formam empresas e criam riqueza?
    Já agora gostaria de saber o que o SR. faz lá por onde anda, e se aí não há exploradores.Parece que sim pelas lastimações que você fez...

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  10. tem cuidado com a curiosidade ... vê lá se o gajo é enrabador de curiosos ó traquilo !!!

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  11. Muito bonita esta salada que aqui está, mas parece que o post falava do muro de Berlim, também conhecido como o muro da vergonha e erguido pelo regime comunista que grassava no Leste Europeu !!!
    Caem muros é verdade e felizmente que caem mas infelizmente outros se erguem na nossa frente, uns mais materializados do que outros , mas estão constantemente a ser erguidos ! e o povo finge não ver, está tudo bem, achamos que tocam só aos outros as desgraças causadas pelos "muros", quanto mais alto o poleiro mais alto o muro que se manda construir, maior a sua sombra sobre os Homens , maior o roubo da Liberdade, da Cultura, do Querer e do Ser, motivados pela ganância pela maldade, sem olharem a meios para atingir os fins, os "empoleirados" vão construindo muros da vergonha, uns após outros e mais grave que a ganância e a maldade dos construtores de muros, estão os invisuais, o povo cego que vai assistindo passivo e as vezes até aplaudindo, a prova viva pode ler-se aqui mesmo !!! a tentarem passar o muro de Berlim morreram segundo numeros oficiais 125 pessoas, parece que corriam todos na mesma direcção, de Leste para Oeste, ou se preferirem da RDA para a RFA, leia-se Republica Democrática Alemã e Republica Federal Alemã !!! parece que afinal a 1ª não assim tão democrática esta é a verdade, ou então aquilo era tão bom que as pessoas fartavam-se e fugiam de lá
    tentavam fugir sim de uma ditadura que lhes roubava a vida e a alma os oprimia a fazia passar fome e frio, preferiam arriscar a vida a tentar ficar lá, corriam na terra de ninguém em busca do bem mais precioso que um Homem pode ter A LIBERDADE
    ESTA É A VERDADE O RESTO ....NEM COMENTO, mas devo ser eu a inventar, sou um grande inventor .
    fiquem bem e tirem o cerebro do bolso, dá jeito utilizar pelo menos de vez enquando!!!

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  12. Santos da casa nunca fizeram milagres, só os de fora é que são bons, não vale a pena falar em exemplos, mas todos nós constatamos a realidade, uns que vieram á pouco tempo e outros que já cá estão á muito, afinal Mora é uma grande pista de aterragem.

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  13. Nós Morenses, sempre gostámos mesmo foi de criticar que faz, não de fazer.

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  14. pois é o costume quando confrontados com a verdade nua e crua nem piam !!! tristes

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  15. A cmmora tem uma nova equipa e penso de que "deixem -nos trabalhar".

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  16. Os meus votos sinceros à nova equipa, espero também novas práticas e coragem para cortarem radicalmente com as perseguições a pessoas.
    Bem hajam os que por bem se disponibilizam para a árdua tarefa que tem pela frente.

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  17. Já viram o último Boletim Municipal (distribuído em Novembro) ? Nem o Avante fazia melhor. Andamos a pagar propaganda da CDU ? Mas o que é isto ?...

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