segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Pedido de Divulgação - Petição Publica


EM DEFESA DA FESTA BRAVA

Em Defesa da Festa Brava
Em Defesa da História, da Terra e dos Homens
Em Defesa dos Animais e da Natureza

Chamo-me Francisco Moita Flores. Sou escritor. Sou pai de três filhos, avô de três netos. E, neste momento da minha vida pessoal, por decisão do Povo de Santarém, sou Presidente de Câmara.
Nasci num monte alentejano entre Moura e Amareleja. Cresci repartido entre a cidade e o campo. Estudei na escola primária desse monte, depois numa vila, depois nas cidades do país, depois em cidades de outros países. Aprendi a vida convivendo com manadas de vacas, imensos rebanhos de ovelhas, cavalos, mulas, porcos, cabras, com o rio Ardila e tinha uma cadela que se chamava Maravilha. Durante 15 anos servi a Polícia Judiciária. Fui testemunha e actor do sofrimento mais pungente, de tragédias inimagináveis, de lágrimas feitas de tanta dor que não havia consolo. Conheci, vivi, convivi com o luto e a morte durante este tempo. Tempo demais para não sermos tocados por esse mundo invisível de dor e pranto. E este rasto de sofrimento e morte, de miséria e desespero, de violência e brutalidade em contraste com as memórias de outros tempos de menino converteu-me ao franciscanismo. S. Francisco, o irmão de todos os rios, irmãos de todos os pássaros, irmão do sol e da vida, irmão dos animais, das árvores, dos homens, das crianças, ensinou-me o caminho ético e moral para educar os meus filhos e amar os meus netos e a gente que em mim deposita confiança para governar.
Aprendi nos campos alentejanos a ser aficionado. Uma pulsão emotiva que não sabia explicar. O touro bravo, fera negra, símbolo da morte e do medo, olhava-nos arrogante e valente. Aprendi a admirá-lo. E descobri em Knossos, nos frescos deixados pela civilização cretense, que essa admiração era velha. Em Esparta e na civilização grega. Reencontrei-a em Roma e na civilização romana. Depois nos enormes frescos de Miguel Ângelo, nos poemas de Garcia Lorca, na pintura de Picasso, nas páginas de Hemingway e de tantos outros poetas, escritores, pintores, escultores que percebi que o irmão touro bravo integrava o psicodrama essencial do Homem. A sua inquietude perante a morte e a necessidade de a vencer para aspirar à imortalidade. Numa arena, em cada combate, vence a vida ou vence a morte. Não há meio termo. Esta dimensão trágica do simbólico enredo taurino está presente em todas as manifestações populares, nomeadamente, nas largadas, que arrebatam milhões de entusiastas que procuram apostar a vida, nem que seja numa corrida medrosa com o touro a quinhentos metros de distância. E o ritual cumpre-se pelo exorcismo da negação evitabilidade finitude.
O crescimento das cidades, e das culturas urbanas, produziu novos mitos. Novas falas, como lhe chama Roland Barthes. Produziu novos ritos sociabilitários, novos discursos simbólicos, novos afectos e importantes discursos sobre o mundo e os nossos destinos colectivos. Representou grandes ganhos revolucionários, culturais e civilizacionais e bem se pode dizer que, hoje, o mundo é comandado pelas cidades. Porém, também desvarios, radicalismos, intolerância e a irrupção de um pensamento que destrói a memória, que expropria e marginaliza os ritos, os mitos, os valores, os símbolos que durante séculos consolidaram Portugal, lhe deram identidade e o afirmaram como Língua, como Povo, como Pátria, como Território. As culturas urbanas radicais desprezaram os campos e desprezam os seus costumes, gostos, atitudes psico-afectivas. Consideram-nos ganga, ruído, ‘pimba', decadência face ao brilho multicolorido das cidades. Como disse a grande poetisa Sophia de Mello Breyner, são pessoas sensíveis que detestam ver matar galinhas, mas adoram canja de galinha! Culturas, ou microculturas radicais que surpreendidos pela devastação que provocaram, desertificando os campos, envelhecendo-os, matando-os, matando a agricultura, as aldeias, as vilas, a vida da pastorícia, das florestas - tudo submetido à ordem e aos valores da cidade - descobriram que valia a pena lutar por adereços. Não pelos campos ou pela multiplicação dos animais como estratégia de recuperação do mundo agrícola, muito menos por respeito pelos homens que desprezam e tratam como meros servos, mas para apaziguar consciências consumistas que na irracionalidade do consumismo despedaçaram qualquer outro valor, ideia, ou respeito pelos outros, seja pelos Homens, seja pela Natureza, seja pelos Animais.
Os diferentes nichos que surgem pelo país, em defesa do lince, em defesa do lobo, em defesa da água, contra a festa brava, na maior parte dos casos apenas olha a árvore e recusa-se a ver a floresta. São, na sua maioria, contra qualquer vínculo que afirme o respeito pelos Direitos do Homem casados e em sintonia com os Direitos da Terra. Não quero, nem é possível discutir os argumentos contra a Festa Brava. São do território da fé e jamais chegaríamos ao fim. Não é possível argumentar contra visões fundamentalistas, transformadas em beatério de confrades laicos. Que gozam as graças de meios de comunicação que adoram ruído e conflito e acreditam piamente nas verdades gritadas por aguerridos beatos, quais velhas inquisidoras. Na verdade, limpando a hipocrisia, a nenhum interessa os direitos dos animais, nem os direitos dos homens. Gritam o folclore politicamente correcto e giro! E fazem abaixo assinados, procurando destruir sem compreender, protestar quando a verdadeira essência do seu protesto são as suas próprias consciências. Nem é o sofrimento do animal, como eles dizem, que os move. Pois se o fosse, estariam aos gritos em todos os locais em que se ‘fabricam' com hormonas, frangos, vacas, ovelhas para alimentar a cidade. Estariam às portas dos grandes matadouros escutando os urros de milhares de animais que adivinham o cheiro da morte. Estariam nas barricadas contra as guerras que matam homens e crianças, na linha da frente da luta pelo renascimento do campo e das culturas rurais, na linha da frente contra a violência doméstica. Não! Nada disto. Apenas contra a pretensa violência contra os touros bravos. Nem pelo outro argumento comodista e repetido de que não são contra o abate dos animais mas sim contra o espectáculo que, no caso português, nem os abate. Maior hipocrisia não existe. Nem paciência para discutir a fé de angustiados.
Cheguei à idade onde já não há paciência para ser insultado por uma horda de analfabetos. Embora respeite os seus gritos, pois creio nesta terra da liberdade sem excepção de ninguém. Até daqueles que assiste o direito ao disparate. Cheguei á idade da tolerância mas também ao tempo onde, mais do que nunca, acredito que só é possível salvar os Direitos do Homem se com eles salvarmos os Direitos da Terra. É a minha crença profunda. E sei que o combate passa por afirmar a defesa dos símbolos, dos valores, dos ritos, das cargas simbólicas que consolidaram a nossa secular matriz identitária. E esse combate feito de muitas frentes de luta, tem numa delas os ‘talibãs' que em nome dos direitos dos animais procuram destruir os animais, a economia que os sustenta e os animais sustentam, além da cultura a eles imanentes. Por isso mesmo decidi lançar este abaixo assinado que vos envio. Já que a moda é o abaixo assinado, assinemos. Em defesa da Festa Brava, em defesa da Festa, em defesa dos valores da Terra, da Vida e dos ritos exorcizadores da Morte, em defesa dos animais, dos touros, dos cavalos, dos pastores e dos campinos, da economia agrícola e animal associada à Festa e ao espectáculo, em nome do progresso com Memória, em nome do desenvolvimento sem perder o sentido da História.
Proponho-vos chegarmos a CEM MIL assinaturas até Julho de 2011. CEM MIL! Convido-vos a todos. Aos meus irmãos homens, às minhas irmãs mulheres, que afirmem por este abaixo assinado fora, este combate pela cidadania e pelos direitos da Terra para que ninguém se amedronte perante a gritaria histérica de alguns. Convido-vos com a serenidade da razão a subscrever este abaixo assinado e definitivamente mostrar ao país que não nos submetemos à ditadura do ‘hamburger' urbano e que somos muitos, disponíveis para lutar, resistir e assumir Portugal na sua unidade complexa e diversa. Sem intolerância, em nome da Liberdade, mas também em nome dos direitos naturais sagrados que nos tornaram portugueses, filhos de Portugal, netos de almocreves, cavaleiros, campinos, guardadores de rebanhos, de escritores e de poetas, de guerreiros e camponeses, nascidos do mesmo ventre de terra à qual um dia regressaremos.





Santarém, 25 de Agosto de 2010
Francisco Moita Flores

29 comentários:

  1. Ó Gato, sabes se o Manaia Sinogas já assinou?

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  2. Só não assinou porque a petição é online.

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  3. Pois é estava esquecido, o homem é infoexcluído.
    Não se pode colocar a petição num copo de vinho?

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  4. E mandar num Renault Laguna.

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  5. Lá estão vocês... Tal está a moenga, hãin?

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  6. Porra,Vocês não se enfrascam.Deixem o homem em Paz.Há muito que esta fora de combate!!
    A Célula dos Trabalhadores Comunistas, ao Serviço do Poder Local Democrático, dando cumprimento á opinião maioritáriament expressa em dezenas de Reuniões.Indicou o Camarada para a Assembleia Municipal.
    E podemos dizer que o Camarada esta a cumprir!!

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  7. Não há um Nobel para as conversas de merda?.

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  8. O que me dizem sobre a posição do PCP?

    Sobre a atribuição do Prémio Nobel da Paz
    Segunda 11 de Outubro de 2010

    Face a solicitações de vários órgãos de comunicação social sobre a atribuição do prémio Nobel da Paz deste ano, o PCP divulga o seguinte:

    A decisão da atribuição do Prémio Nobel da Paz a Liu Xiaobo – inseparável das pressões económicas e políticas dos EUA à República Popular da China - é, na linha da atribuição do Prémio Nobel da Paz de 2009 ao Presidente dos EUA, Barack Obama, mais um golpe na credibilidade de um galardão que deveria contribuir para a afirmação dos valores da paz, da solidariedade e da amizade entre os povos.

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  9. Francisco Moita Flores, desculpa que eles não sabem o que dizem. Além de se estarem borrifando para o que tu disseste.

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  10. O mundo está a desabar e vem o ilustre cidadão Francisco Moita Flores, com esta distracção da tourada.
    Os touros ao poder!

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  11. Por amor de Deus!!!!!!!não envergonhem mais o nome de Mora.
    Deixem-se de politica de retrete, e assuma uma atitude publica, se acham que têm razão. Mas esta conversa chunga, é o que têm para dar aquilo em que acreditam????

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  12. Acho cá para mim que há qualquer coisa na conversa de MF que faz sentido, há ali uma certa intuição crítica do homem do campo versus homem da cidade, que me merece alguma atenção.

    Evidentemente,estou-me borrifando para as touradas mas, mais tarde, talvez reveja o texto com tempo e posicionar-me-ei relativamente às questões levantadas. Por ora, a ordem do dia é outra.

    Cavaco às voltas com o Passos faz lembrar as bolandas em que o Pinho meteu o Sócas, o poeta Alegre não tem agenda, Nobre aguarda que os seus préstimos de ajuda humanitária sejam requisitados,o electricista Lopes ainda não consegue ler, falar e olhar para as pessoas ao mesmo tempo, a nós morenses (essa espécie à parte que não se quer parecer consigo própria), resta-nos a comparação com os clérigos de Constantinopla que de nós o Futuro fará.

    Doutorices relevadas, quem está, está, quem não está ,estivésse, pede-se ao fim e ao cabo 'que não achemos natural o que sempre acontece'.

    Esta é que é a PETIÇÃO pertinente!

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  13. O PCP envergonha Portugal.

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  14. Eu até" compreendo" que o PCP tenha esta posição.Afinal o PCP é hoje um partido ideológicamente à deriva, perdido entre um passado sem presente e um presente sem futuro.
    Internamente alimenta-se no combate aos socialistas e externamente é miúpo.

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  15. Esta agora é para rir,"o PCP envergonha portugal" por acaso tem sido o PCP que tem governado o pais ao longo dos ultimos 30 e picos anos, por acaso foi o PCP que pos o pais na cauda europa?!!. Epá dá nojo ler os comentarios acima com ideias cheias de m...a. Ao menos contribuam para um debate serio.

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  16. Não gostas não comes!!E a democracia na Coreia do Norte??!!Grande ignorante.No fundo percebe-se.Com mentes como a tua, até o Macaco Adriano conseguia ser Presidente da Camara em Mora!!

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  17. Ó Júlio vai-te catar, o "envergonha Portugal" tem a ver com o comunicado que o PCP emitiu sobre a atribuição do prémio Nobel da Paz, não vais responsabilizar o PS ou PSD sobre o que na Soeiro Pereira Gomes se pensa.
    Isso deve ser poeira na moleirinha.
    Júlia Florista

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  18. Claro!!Porque no Beco do Teatro ninguem pensa nada!!São uns capachos, as ordens da Distrital e dos Autarcas Burgueses.

    Cravo Vermelho

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  19. ...e o que dirá o PCP sobre a atribuição de certos galardões municipais a quem todos sabemos, feitas por certos militantes seus investidos em funções autárquicas?

    Credibilidade???!... "Esta agora é para rir"!

    Vamos lá mas é afinar essa pontaria. O sectarismo quando nasce é para todos.

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  20. O PCP apoia o Modelo Socialista da China, que não é mais nem menos, que um puro capitalismo selvagem.E que em Mora, tem o expoente máximo ,em alguns medalhados, em Comemorações do 25 de Abril.
    São uma Vergonha!!

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  21. Ao anónimo que colocou aqui no Gato: Vejam la, se arranjam uma bandeira do Partido, para o CT de Portel. 15/09/10 20:48.
    Boas noticias, a bandeira nova já lá está.
    Afinal os blogs funcionam.

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  22. Obrigado Camarada.
    Sabes,
    Isto aqui funciona. eu fiz chegar essa informação a Évora, através da camarada E.....
    Secretário das 20.34

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  23. @00:43 e 20.21
    Ó meus amigos.
    Vocês estão suficientemente protegidos pelo anonimato para poderem dar o nome aos bois. De entre todos os medalhados, alguns mereceram mais, outros menos e, possivelmente, alguns não mereceram nada. Assim ficamos todos na dúvida a quem se referem.
    Se as vossas opiniões e intenções forem honestas, abram um bocadinho o jogo para poderem ter algum debate sério.
    Ou têm alguma dor de corno por não terem sido vocês os medalhados?

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  24. Esta gente anda mesmo distraída, começa a precisar dos blogs como de pão pra boca.

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  25. Basta dar uma olhada por aqui, para perceber que "eles" não correm qualquer perigo.
    Vocês nem cócegas fazem. Não passam de ratos de esgoto que têm aqui um buraco para por a cabeça de fora. Mas sempre a ver se vem alguém...

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  26. ARTIGO CENSURADO NO "MAIS ÉVORA"

    O Regime Chinês é Capitalista explora os trabalhadores e tira vantagens disso para vender barato produtos que levam ao desemprego operários portugueses.
    Não há capitalista que se preze que não mpnte uma fábrica na China.

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  27. Isto já é um ritual, funciona como um digestivo depois do jantar.
    O Gato tem que começar a cobrar 50 cêntimos aos fregueses habituais.

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  28. E se for pago com o dinheiro dos almoços, de serviço, que na presente gestão camerária,ainda não foram comidos pelo Sinogas e Amigos.Tanto melhor.
    Cravo Vermelho

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  29. Sabes meu caro neste blog, ainda posso falar.Dizer umas verdades mesmo que tu na gostes.Mas na China, na Cuba ou na Coreia rien!!
    Olha , venho de noite porque sou clandestino e trabalho durante o dia.Não me pavaneio nos corredores da Cambra nem me embebedo no Jardim, na hora de serviço.Percebes, ou queres que te faça um desenho?!

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